A história da Imprensa em Cabo Verde começou em 1842, com a publicação do primeiro Boletim Oficial do Governo Geral de Cabo Verde. O seu primeiro número saiu na ilha da Boa Vista, onde funcionava a sede do Governo. O Boletim, além dos assuntos oficiais, continha a chamada “parte não oficial”, que funcionava como um autêntico jornal - incluía noticiários resumidos de diversas publicações nacionais e estrangeiras, e produções literárias de autores cabo-verdianos ou residentes em Cabo Verde.
A história diz-nos que, 30 anos depois do suposto início, surgiu o primeiro jornal não oficial – O Independente – na cidade da Praia (ilha de São Tiago). Este jornal marca a entrada na 1ª fase da actividade jornalística em Cabo Verde, que se estende até 1890, data em que foi promulgado um Decreto que estabeleceu restrições à imprensa periódica. Os jornais publicados na 1ª fase foram: O Independente, Correio de Cabo Verde, Echo de Cabo Verde, A Imprensa, A Justiça, O Protesto, O Povo Praiense, O Praiense e Praia (quase todos de carácter político e noticioso).
Durante a 2ª fase, iniciada em 1889, foram publicados 4 jornais na cidade do Mindelo (ilha de S. Vicente): Revista de Cabo Verde (acolhida com muita simpatia pelos leitores), Liberdade (que não chegou a gozar de grande simpatia), A Opinião (jornal recebido com grande entusiasmo) e O Espectro (que pretendeu ser a sombra das vítimas da fome de 1903). Ainda nesta 2ª fase, foi publicado na Praia um número único, especial, do Jornal Cabo Verde, destinado a assinalar a passagem do príncipe real D. Luiz Filipe por Cabo Verde, em 1907.
A 3ª fase tem início com a Proclamação da República em Portugal, em 1910, e termina com a abolição da ditadura do Estado Novo, no dia 25 de Abril de 1974. Foi um período conturbado, mas fecundo, durante o qual foram publicados cerca de vinte jornais, assim como folhas manuscritas, da iniciativa de jovens estudantes do Seminário-Liceu de São Nicolau e do Colégio Municipal de São Vicente.
Na ilha de São Nicolau, os alunos internos do Seminário publicaram O Recreio, um jornal conservador. Já os alunos externos publicaram a Fénix Renascida, de cariz político, entre 1811 e 1913. Na Ilha de São Vicente, os finalistas do Colégio Municipal publicaram O Mindelense. A euforia provocada pela mudança de regime político era tal que, no ano de 1913, circulavam simultaneamente A Voz de Cabo Verde (jornal anticlerical e defensor da liberdade de imprensa), O Independente, O Futuro de Cabo Verde, O Progresso, A Tribuna e O Mindelense.
Outros jornais que se distinguiram nesta época foram: O Popular e Cabo Verde, (publicados no Mindelo nos anos de 1914 e 1920, respectivamente); O Caboverdiano, A Acção, A Seiva, e A Verdade (publicados na Praia, de 1918 a 1922); A Despesa, (publicado em 1913), O Manduco (publicado no Fogo a partir de 1923), O Notícias de Cabo Verde (fundado em 1931), O Eco de Cabo Verde e O Ressurgimento.
Em 1936, os consagrados escritores Baltazar Lopes da Silva e Jorge Barbosa iniciaram a publicação da revista neo-realista Claridade, que marcou o movimento neo-realista em todo o território português (à excepção do Brasil). No entanto, só a partir de 1950 é que a imprensa cabo-verdiana começou a ganhar expressão, sempre ligada à literatura. De 1940 a 1961, surgiram várias publicações em Cabo Verde, no seguimento dos movimentos liberais africanos. Muitos jornais foram extintos devido, principalmente, a problemas financeiros.
A 4ª fase corresponde ao período que se segue à queda da ditadura portuguesa e a subsequente independência de Cabo Verde, conquistada a 5 de Julho de 1975. Com a Independência, surge o jornal público Voz di Povo (extinto na década de 90, para ser substituído pelo Novo Jornal de Cabo Verde e, mais tarde, pelo actual Horizonte) e o Terra Nova, ligado à Igreja Católica. Nesta fase, distinguiram-se também as revistas Raízes e Ponto & Vírgula. Mais tarde, apareceram outros jornais privados que ainda hoje se podem encontrar nas bancas, como por exemplo A Semana e Expresso da Ilhas. O Estado assegura o jornal Horizonte e a agência de notícias Inforpress.
A televisão pública surgiu em 1984. No início, funcionou como TVEC (Televisão Experimental de Cabo Verde), depois passou a chamar-se TNCV (Televisão Nacional de Cabo Verde). Mais tarde, com a fusão com a rádio, passou a haver uma única empresa de radio-televisão: a RTC (Rádio e Televisão de Cabo Verde). Actualmente continuam a funcionar como uma única empresa, mas distinguem-se como TCV (Televisão de Cabo Verde) e RCV (Rádio de Cabo Verde). Na área da televisão, o cenário foi alterado em 1997, com o aparecimento da RTP-África, que veio juntar-se à CFI (actualmente, TV5Afrique). Assim, os cabo-verdianos, que só tinham acesso a 8 horas de emissão por dia, passaram a dispor de 24 horas diárias de Televisão em Língua Portuguesa. Já em 2006, o Governo disponibilizou um serviço de TV Cabo, que permite ter acesso a televisão, telefone e Internet.
A rádio nacional teve uma evolução semelhante à da televisão. No início chamou-se RNCV (Rádio Nacional de Cabo Verde). Com a fusão, passou a RTC, distinguindo-se actualmente como RCV. Actualmente, há 8 emissoras de rádio: a RCV (estatal), uma Rádio Comercial (projecto privado), a Rádio Comunitária Voz de Ponta d’Água (ligada a uma organização não-governamental: a Citi-Habitat), a Praia-FM (feita, basicamente, em crioulo), a Crioula-FM (ligada à Igreja Universal do Reino de Deus), a Rádio Nova (ligada à Igreja Católica), Mosteiros-FM (projecto privado) e a Rádio Educativa (dedica-se ao ensino à distância, e é propriedade do Ministério da Educação).
O panorama dos media em Cabo Verde conheceu uma nova dinâmica com o aparecimento de rádios privadas. A maior diversidade de estações radiofónicas, a interactividade, a dinâmica e o espírito jovem são factores que caracterizam essas rádios, que já conquistaram a maior parte da audiência. Ao mesmo tempo, a informação jornalística passou a ser maior e mais acessível, com as versões on-line de jornais impressos. Neste ambiente da Internet, e no sentido de informação a um nível mais abrangente (institucional), Cabo Verde é um dos países dos PALOP que mais evoluiu. Atualmente, a maior parte das instituições públicas e privadas dispõe de uma página on-line.