Os bons terão sempre lugar no jornalismo

Antigo director da Televisão de Cabo Verde, Daniel Medina é Professor Doutor da Universidade Lusófona de Cabo Verde (ULCV), no curso de Ciências da Comunicação. Jornalista, cronista de rádio e jornal, comentador da televisão, Medina é um comunicador nato. Nha Terra Online foi conhecer o autor de Pela Geografia do Prazer que se prepara para lançar novo livro no mercado e saber a sua opinião sobre o jornalismo caboverdiano, a sua vida de docente, entre outras questões.

Banalização da Profissão de Jornalismo em Cabo Verde

Em vários artigos nossos publicados em Cabo Verde temos vindo a alertar o Governo e aos cidadãos, pela degradação galopante do nosso “jornalismo”. Colocamos aqui a palavra jornalismo entre aspas, porque em nosso entender não existe o jornalismo cabo-verdiano.

Diversidade de Cursos na Comunicação

Uma das causas apontadas para menos vestibulandos interessados em Jornalismo é o número de opções relacionadas à comunicação. Muitos com vocação para cinema e fotografia, por exemplo, acabavam no curso por falta de opção. Existem alguns cursos de graduação e de tecnologia que podem estar por trás do fenômeno.

Como fazer um Resumo

O resumo é uma forma de reunir e apresentar por escrito, de maneira concisa, coerente e frequentemente selectiva, as informações básicas de um texto pré-existente. É a condensação de um texto, pondo-se em destaque os elementos de maior interesse e importância.

Bibliotecas Virtuais

grande referência na área de bibliotecas virtuais, com os sites mais importantes para informação e comunicação sobre ciência e tecnologia

quinta-feira, novembro 18, 2010

Oração de Sapiência - José Vicente Lopes


Respondendo a um inesperado e por isso surpreendente convite da minha amiga Iva Cabral, a que não pude recusar dado o afecto e a estima que tenho por ela, eis-me perante vós – caros professores, alunos e convidados desta universidade - para a minha primeira aula ou lição de sapiência.

Esta é – acreditem – uma situação que jamais me passou pela cabeça, afastado que me encontro do mundo académico ou universitário, entrincheirado que estou no meu mundo profissional, o jornalismo.

Porém, desafio feito, desafio aceite – , eis-me, pois, senhoras e senhores, convidados, alunos e professores desta universidade, cujo pólo tem como patrono a figura ilustre de Baltasar Lopes da Silva, para discorrer sobre dois ou três temas na expectativa de que as minhas palavras possam interessar, pelo menos, a uns quantos, sem darem por perdido o seu precioso tempo.

Antes de mais, o que tenho a dizer não passa à margem da figura do vosso patrono, Baltasar Lopes da Silva, nem de vários outros homens como ele, cabo-verdianos, que acreditaram nestas ilhas, contribuindo com o seu engenho e arte, em todos os sentidos, para o engrandecimento deste nosso arquipélago e país. Um engrandecimento – diga-se – que prossegue ainda hoje, como não poderia deixar de ser, não fossemos nós herdeiros desses homens e mulheres que ajudaram a moldar os valores civilizacionais em que se encontra assente esta nossa sociedade.

Como outros países, mas este em particular, Cabo Verde é fruto da persistência ou, se se quiser, da teimosia das suas gentes. Colocados num contexto tão duro e agreste, eis-nos aqui no ano em que se assinala os 550 anos do achamento/descoberta destas ilhas e 35 anos da nossa independência nacional.

Somos, como disse Ovídio Martins, o povo que aprendeu “com o vento a bailar na desgraça”. Antes, aí por volta de 1950, já Jorge Barbosa havia dito (ou reclamado) que ser cabo-verdiano custa. As razões dele não terão sido certamente as nossas, embora comum seja o nosso destino de ilhéus, de gente marcada pela insularidade e com tremenda fome de mundo. Somos gente que não poucas vezes precisa de andar pelo mundo para aprender a valorizar e amar o seu país natal.

Inventivo, como são os povos que tem um quotidiano tão difícil como o nosso, são várias as formas que buscamos para matar a nossa fome de mundo, sendo uma delas, talvez a mais importante de todas, a educação. Porque é pela educação e pela formação que se nos abrem muitas portas, a começar pelo conhecimento, sem o qual nenhum progresso é possível.

Felizmente, a educação em Cabo Verde, em particular nesta ilha de S.Vicente, é de há muito o principal meio de se lutar contra a pobreza e, mais do que isso, ampliar os horizontes para além das fronteiras destas nossas ilhas. Foi pela educação que os nossos pais intuíram que nós, seus filhos, poderíamos ter uma vida melhor que a deles, indo mais longe, em todos os sentidos. Em casa, por exemplo, cedo aprendi que “estudo é riqueza de pobre” e em nome desse princípio sacrossanto todos os sacrifícios foram consentidos para a minha formação e dos meus irmãos.

Herdeiros dessa tradição, é também pela educação que procuramos hoje garantir o futuro dos nossos descendentes.

Por esta mesma razão vocês, alunos, estão aqui.

Por esta mesma razão é comovedor ver como as nossas cidades se enchem de manhã, à tarde e até à noite, de crianças, adolescentes e adultos a caminho ou de volta do local de saber que são as nossas escolas, liceus e universidades. Ao ponto de, às vezes, me perguntar o que seria do mundo, e de Cabo Verde em particular, se não fossem as escolas.


Recebendo uma medalha de Manuel Damasio

Mede-se e estuda-se tudo hoje em dia, estranhamente, para um país que tem na educação um dos seus pilares – a par da saúde e da cultura – talvez não seja de todo uma asneira um estudo sobre o peso que o sector educativo tem para a formação do nosso PIB. Afinal, são milhares de pessoas que gravitam economicamente em torno deste sector – basta ver o número de professores e alunos que é preciso formar, transportar, alimentar, vestir, livros e materiais didácticos que é preciso produzir e vender, etc., etc., para ver que afinal não é de toda despicienda essa minha ideia acerca do peso que a educação tem na formação da nossa economia.

A aposta na educação é, felizmente, o principal trunfo de Cabo Verde, especialmente, quando comparado com outros povos do nosso continente, com muitos mais recursos que nós e hoje em patamar de desenvolvimento inferior ao nosso.

Esse trunfo – a educação ou o investimento nos recursos humanos – faz parte daquilo que costumo denominar “factor Cabo Verde” que, mais do que uma realidade física, é acima de tudo uma realidade humana e civilizacional. Felizmente, os sucessivos governos que Cabo Verde já teve nestes 35 anos de independência perceberam e se deram conta disso, daí os investimentos que foram sendo feitos no sector ao longo de todos estes anos.

Por outras palavras, se Cabo Verde é tido como um study case, um exemplo do país que deu certo, deve-o em grande parte à aposta acertada na valorização dos nossos recursos humanos. Por outras palavras, se Cabo Verde é o que é deve-o em grande parte também à qualidade dos políticos que teve porque, diga-se também, eles foram também, como nós, frutos desta sociedade que há muito aprendeu que estava na educação e na formação a chave para uma vida melhor para novas gerações então a caminho. E aqui que se me permita apontar o exemplo da avó da nossa Iva Cabral, mãe de Amílcar, nha Iva, mulher simples que fazendo das tripas coração tudo fez, nesta ilha de S.Vicente, para educar o filho Amílcar, esse modelo de homem e politico para a maioria de nós todos.

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Meus caros
Esta nossa ilha, S.Vicente, mais do que nenhuma outra ilha de Cabo Verde, vive o que para muitos parece ser um tempo de desesperança. Com o desemprego em torno dos 20 por cento – e onde há desemprego há pobreza – sendo a maioria dos desempregados jovens, que dizer nesta hora difícil a esta plateia predominantemente jovem sem cair na heresia do optimismo fácil ou barato?

Acreditem: apesar de todas as dificuldades, cada um de vocês está a viver um momento particular da vossa vida, um momento de transição, entre – digamos – , a idade da busca e a idade da razão.

Quem já passou por uma universidade sabe de que falo. E quem, como vós, dá agora os seus primeiros passos começa a pressentir que a universidade é, não poucas vezes, apenas um lugar de busca do conhecimento, mas a antecâmara para um desafio maior que é a sobrevivência e a busca do sucesso no mercado de trabalho.

É preciso que tenhamos em conta, entretanto, que a universidade não nos dá tudo; dá-nos, no máximo, as ferramentas para aquilo que almejamos ser. Somos nós próprios que, movidos pela inquietude, temos de ir à busca das respostas para muitas das nossas dúvidas e angústias. É, pois, este o mundo que ireis enfrentar, primeiro dentro do espaço universitário, onde, em situação de crise tereis o professor para vos coordenar, e depois, na vida real, onde o vosso principal tempo será o conhecimento adquirido.

Por isso, é preciso que abracemos a oportunidade de seguir um curso universitário não como um meio de, meramente adquirir um diploma, não importando a forma como cheguemos a ele.

Para que façamos realmente a diferença, num mercado que começa a mostrar-se saturado em termos de ofertas de licenciados, é preciso que a universidade seja, realmente, um espaço de aprendizagem e descoberta, de modo a que o resultado disso possa ser utilizado para melhorar a nossa realidade social e não só.

*

Normalmente, temos a tendência de achar que os jovens não se interessam por uma série de assuntos, que são apáticos... Acusamo-los de desconhecer a história do seu país, de não se interessarem pelos assuntos da sua comunidade, enfim, de não comungarem ou não terem o mesmo entusiasmo das causas que moveram os seus pais.

Nos esquecemos, amiúde, que fomos os jovens de ontem e que os jovens de hoje serão os velhos de amanhã, e nesta ordem de ideias é bem provável os velhos amanhã venham a ter muito que lamentar e reclamar contra os jovens de amanhã.

Nesta espécie de eterno retorno, a roda do tempo a que todos estamos sujeitos, atribuímos ao mesmo tempo aos jovens a capacidade de serem agentes da mudança, talvez porque menos agarrados ao passado e não poucas vezes ao presente, isso leva-os a desafiar o futuro com muito mais facilidade e naturalidade.

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E voltando à situação em que vive São Vicente, é preciso que o vosso saber se traduza, num futuro próximo, em respostas para a solução sustentada dos problemas de uma ilha que já viveu tempos de glória, tanto em matéria de economia, quanto cultural e social, e que hoje parece um tanto desnorteada, frustrada, desanimada… Assim, antes de culparem os outros pelos vossos insucessos, procurem, nas vossas respectivas áreas de aprendizagem, projectos realizáveis quando saírem da universidade, para que sejam patrões de vocês mesmos, e não dependam do emprego público, cada vez mais raro entre nós.

Numa realidade de crise em que o mundo e nós, em particular, precisamos reinventar o desenvolvimento sustentado, todos nós ¬- inclusive vocês jovens - , somos desafiados a dar o melhor de nós próprios, sempre na busca da tal diferença que faz a diferença, permitam-me o pleonasmo. Pois, é nessa diferença que reside – quem sabe – o trunfo de cada um na hora de disputar o seu lugar ao sol.

*
E, finalmente, para terminar, como disse no princípio, esta é a minha primeira lição ou aula de sapiência. A haver mais, espero bem que a próxima seja bem mais sapiente do que esta. A todos desejo um bom ano lectivo, cheio de novos conhecimentos e conquistas.





























Universidade Lusófona, Mindelo, 16-11-10








Momentos

Dia da Universidade Lusofona de Cabo Verde

A 16 de Novembro de 2010 foi comemorado o dia da ULCV no Auditório Professor Manuel Damásio. Estiveram presente várias individualidades do mundo académico e não só, bem como de diversos alunos e professores.

 
Montenegro Fiuza / Administrador da ULCV
 Montenegro Fiúza – Administrador da ULCV
“A Universidade Lusófona de Cabo Verde não é lugar para ambições menores. Para este ano lectivo apostamos no crescimento do número de alunos e na qualidade do corpo docente. Estamos a dar passos na busca da excelência. Os estudantes que acreditaram são a razão fundamental para continuarmos esse caminho.”


Manuel Almeida Damasio - PCA do Grupo Lusofona
Manuel de Almeida Damásio – PCA do Grupo Lusófona
“Salientamos os esforços na produção do conhecimento para que o país seja mais moderno e democrático.”

                                          




Iva Cabral - Reitora da ULCV

Iva Cabral – Reitora da ULCV
“Abrimos as portas do saber e do espírito crítico de muitos caboverdeanos criando as bases de um país independente. O nome de Baltasar Lopes da Silva é um nome difícil e honroso de carregar. Devemos conseguir criar o espírito universitário, organizando palestras, seminários e a investigação. Uma boa Universidade deve inculcar nos alunos o espírito crítico. Isso pode ser construído nesta Universidade porque matéria-prima nós temos: alunos, professores e o grupo Lusófona.”


Jose Vicente Lopes - Sapientissimo Orador

José Vicente Lopes – Sapientíssimo Orador
“É pelo estudo que procuraremos saciar a nossa fome do Mundo. A aposta na educação é o trunfo de Cabo Verde. Este factor Cabo Verde mais do que uma realidade física é uma realidade civilizacional. A Universidade não nos dá tudo, só as ferramentas para enfrentar o mundo de trabalho. Para que faça a diferença num mercado saturado é preciso marcar a diferença, com capacidade de ser agente de mudança. É preciso que o vosso saber se torne no motor duma ilha que já foi mais desenvolvida.”
Aristides Lima - Presidente da Assembleia Nacional de CV
Aristides Lima – Presidente da Assembleia Nacional de Cabo Verde
“Quero felicitar a Lusófona pela aventura em Cabo Verde para formação dos alunos. Também prestar homenagem à vontade do saber do povo de Cabo Verde que se corporizou na figura de Baltasar Lopes da Silva e Amílcar Cabral. Desejo que a Lusófona continua a afirmar-se como uma luz de sabedoria em Cabo Verde e também para os povos da comunidade de língua portuguesa.”



daivarela

quinta-feira, novembro 04, 2010

Falando de planos...