Os bons terão sempre lugar no jornalismo

Antigo director da Televisão de Cabo Verde, Daniel Medina é Professor Doutor da Universidade Lusófona de Cabo Verde (ULCV), no curso de Ciências da Comunicação. Jornalista, cronista de rádio e jornal, comentador da televisão, Medina é um comunicador nato. Nha Terra Online foi conhecer o autor de Pela Geografia do Prazer que se prepara para lançar novo livro no mercado e saber a sua opinião sobre o jornalismo caboverdiano, a sua vida de docente, entre outras questões.

Banalização da Profissão de Jornalismo em Cabo Verde

Em vários artigos nossos publicados em Cabo Verde temos vindo a alertar o Governo e aos cidadãos, pela degradação galopante do nosso “jornalismo”. Colocamos aqui a palavra jornalismo entre aspas, porque em nosso entender não existe o jornalismo cabo-verdiano.

Diversidade de Cursos na Comunicação

Uma das causas apontadas para menos vestibulandos interessados em Jornalismo é o número de opções relacionadas à comunicação. Muitos com vocação para cinema e fotografia, por exemplo, acabavam no curso por falta de opção. Existem alguns cursos de graduação e de tecnologia que podem estar por trás do fenômeno.

Como fazer um Resumo

O resumo é uma forma de reunir e apresentar por escrito, de maneira concisa, coerente e frequentemente selectiva, as informações básicas de um texto pré-existente. É a condensação de um texto, pondo-se em destaque os elementos de maior interesse e importância.

Bibliotecas Virtuais

grande referência na área de bibliotecas virtuais, com os sites mais importantes para informação e comunicação sobre ciência e tecnologia

segunda-feira, novembro 16, 2009

SOCORRO, estudo na Universidade Lusófona!




É gritante a situação que se vive na Universidade Lusófona de Cabo Verde. Já lá vão dois anos lectivos e o primeiro semestre referente ao terceiro ano já vai a meio. Todas as promessas veiculadas pela reitoria dessa universidade não têm passado de fogo de palha. Pretendo, nesta minha exposição, fazer uma análise a tudo o que se passa na ULCV e a postura de todos perante essa triste realidade.

Vou tentar esmiuçar esta verdadeira ilha dos ursos. Prefiro até classificá-los como os sete pecados dos envolvidos nesse romance que parece não ter um fim tão cedo.


Os sete pecados da direcção:

1. Falta de investimento – não há nenhum investimento visível e prático em melhorias no funcionamento da Universidade. Iniciado o terceiro ano lectivo só se viu a instalação de Data Shows nas salas. Não há uma sala de informática condigna (os equipamentos são limitados e a internet é desligada antes do final das aulas), não há um laboratório de línguas, não há um laboratório multimédia com sala de montagem, câmaras profissionais e equipamento apropriado para os alunos do Curso de Ciências da Comunicação que se especializarão em Multimédia, não há uma cantina (de relembrar que na ULCV há um grande número de trabalhadores/estudantes que saem do trabalho e vão directamente às aulas) e, o mais grave, não há nem sequer um único bebedouro para os docentes e discentes matarem a sede;

2. Não há programas curriculares publicados – os programas referentes a cada disciplina não são postos à disposição dos discentes. Quando esses programas existem são formulados pelos docentes das referidas disciplinas e, na maioria das vezes, estão incompletas por se tratar de adaptações. A dúvida fica sobre o facto da reitoria se preocupar ou não com a sua validação. Caso algum discente, por alguma razão, necessite de alguma equivalência, não há programas que a sustente;

3. Há uma grande desorganização no que tange a circulação de informação – muitas informações são afixadas apenas num dos pisos, muitos circulares e avisos são mal redigidos (embora assinados por responsáveis da Universidade) e os canais utilizados não são os melhores;

4. Não há uma biblioteca digna desse nome – a “Biblioteca” da Universidade Lusófona de Cabo Verde tem uma inacreditável escassez de títulos. Embora os responsáveis pela Universidade tentem mostrar o contrário, os títulos em quase nada ajudam aos docentes e muito menos aos discentes. Há disciplinas que não contam com um único título que tenha assuntos de real interesse para as matérias ensinadas na Universidade;

5. Fotocópias, no way! – para complicar a vida aos alunos, não há uma máquina fotocopiadora na Universidade. Os docentes oferecem livros ou fotocópias para os alunos fotocopiarem, mas muitas vezes se torna difícil pelo simples facto da sorte caber a um único aluno que, na hora prontifica-se a fazer as suas fotocópias e, por razões óbvias, os outros ficam à espera, repetindo o ciclo numa irremediável perda de tempo;

6. Não há investimento na segurança dos discentes, docentes e demais utentes da Universidade e as condições sanitárias são precárias – não se tem conhecimento de um plano para primeiros socorros, quanto mais de um local para atender a um docente ou discentes que sofra algum acidente e precise de assistência. O prazo de manutenção dos extintores expirou-se faz já algum tempo. É caso para perguntar para que serve a taxa de seguro paga pelos alunos no acto da matrícula. Os WC’s raramente têm papel higiénico, poucas vezes têm água e nunca têm sabonete. Muitas vezes estão sujos, pondo em risco a saúde dos que os frequentam. Aliás, muitos só os frequentam em caso de “manifesta e irremediável necessidade”;

7. A mentira tem sido uma escolha mais fácil – a reitoria, juntamente com a direcção da Universidade prometeu “inundar” de livros a Biblioteca da Universidade. Contudo já lá vão dois anos e, ao entrarmos no terceiro, o desespero começa a tomar conta das mentes dos que realmente têm interesse em pesquisar nas áreas que estudam com merecido afinco e também de docentes que já não sabem o que fazem perante tanta “desculpa esfarrapada”. Prometeu-se ainda aos discentes uma melhor sala de informática (inclusive há um projecto para tal) e um laboratório multimédia, mas a sala de informática está mais limitada, com alunos que ficam sem praticar por insuficiência de computadores (média de 1 para cada 2 ou três alunos) e a sorte dos alunos de Ciências de Comunicação com Especialização em multimédia passou pelo crescimento forçado de uma turma que agora se vê perante a uma incógnita que ditará o término ou não do curso, nesta ou noutra universidade;


Os sete pecados dos docentes:

1. Faltas – há docentes que faltam, não dão a mínima importância aos alunos e nem sequer repõe as aulas em falta. Perante este quadro, que garantia têm os discentes que o programa está a ser cumprido?

2. Pressa e incumprimento – há docentes que, enquanto deveriam dar três horas de aulas, dão duas. Tudo isso com a maior cara de pau e sem o mínimo respeito pelos seus discentes;

3. Português é calcanhar de Aquiles – alguns exigem (e muito bem) que os discentes tenham a capacidade de falar e escrever bem português. Porém, há docentes que têm graves problemas com a língua portuguesa. Camões ficaria corado de vergonha se assistisse a constantes atropelamentos à língua pela qual ajudou a construir. Contrariando ao pressuposto há quem tenha tentado colmatar essa grave lacuna junto aos seus discípulos;

4. Adopção do ditado – satisfazendo a vontade de muitos discentes que ainda pensam estar a frequentar o ensino secundário, muitos professores ditam quase toda a matéria, não incentivando os discentes à pesquisa ou indicando referências bibliográficas, sites ou bibliotecas virtuais. Há quem prefira simplesmente a wikipédia na sua crua versão (isso acontece mesmo com professores doutorados);

5. Repetição de provas de frequência – muitos alunos correm atrás de colegas do mesmo curso que já tenham transitado para um ano seguinte solicitando seus testes, na esperança que esses testes possam ser repetidos. E não é que não tenha acontecido. Os discentes do Curso de Ciências de Comunicação têm prova disso;

6. Não parece haver controlo perante a constante falhas de professores – os professores assinam o livro de ponto e, por vezes, nem dão as aulas. Desculpas de diversa ordem sempre surgem, incluindo falta de condições técnicas. Professores faltam a aulas por estarem ausentes do país e a reitoria fica impávida e serena, perante a desesperante apatia da maioria dos discentes que aceitam que as aulas em falta não sejam repostas;

7. São imunes a avaliações – os professores da Universidade Lusófona não são avaliadas pelos discentes. Aliás, se o fossem e essa avaliação fosse levada a sério haveria algum, ou mesmo alguns professores que já não estariam leccionando na ULCV. A reitoria da ULCV não tem dado esta oportunidade aos discentes, com certeza por razões que são bem óbvias.



Os sete pecados dos discentes:

1. Ainda não se divorciaram da ideia de que abandonaram o Ensino Secundário – grande parte dos discentes da ULCV ainda não se adaptaram à realidade universitária (embora muito por culpa da ULCV que não tem uma biblioteca equipada, internet aberto e um centro de investigação científica). Preferem que os professores ditem a matéria, e não se esforçam para terem uma melhor prestação;

2. Muitos continuam a revelar-se eternos cábulas – alguns preferem sentar-se no lugar ao fundo, sempre com a esperança de conseguirem copiar ou de puxar a folha de testes com boa parte já preenchida em casa. O pior é que muitos professores fingem deixarem-se enganar. No fundo, são os discentes a enganarem a si próprios;

3. A apatia é a imagem de marca – está tudo bem e ninguém faz nada. Perante a triste realidade que se vive na ULCV, os discentes não fazem nada, a não ser fomentar conversas de corredor. Reclamam da falta de equipamento, da falta de WC’s condignos, por passarem sede e fome, mas a única forma de demonstrarem que estão descontentes é não fazendo parte das actividades universitárias, incluindo palestras que em muito podem ajudar na sua formação;

4. Não há iniciativa e o sentido de responsabilidade é uma utopia – capacidade criativa? Nem pensar! Os discentes não têm ideias que iluminem a ULCV e que ponham em evidência a universidade em que estudam. Esquecem-se que, estudando numa universidade apagada, seu crédito no mercado de trabalho será reduzido. Tanto que poderia ser feito em prol de um bom nome para a ULCV, inclusive palestras, concursos, acções sociais e demais exercícios de cidadania, semanas académicas, actividades culturais ou desportivas Não há tertúlias estudantis. O nível de cultura geral dos discentes é uma vergonha tendo em conta a sua responsabilidade como futuros quadros do país. Muitos faltam a aulas e a responsabilidades com colegas, deixam telemóveis ligados e saem constantemente das salas de aula, perturbando os colegas, professores e, consequentemente, o normal funcionamento das aulas;

5. Até ainda não tiveram a capacidade de constituir uma Associação de Estudantes – numa Universidade é um caso grave. Não havendo essa associação, os discentes ficam mais desamparados. Porque não aprendemos com a realidade de outras universidades e institutos de ensino superior nacionais? Não há listas de alunos para serem votadas, não há iniciativa estudantil. Os alunos da ULCV parecem não ter consciência que são a única razão pela qual essa universidade existe. Deixando de assistir às aulas a Universidade morre;

6. À sombra da bananeira ficam à espera que tudo lhes seja oferecido, sem nenhum esforço – não há que fazer nenhum esforço para obtermos grande coisa. A ULCV vem ter connosco por pagarmos propinas e multas avultadas. Ficamos acomodados, como sempre, e ninguém precisa reclamar, a não ser pelos corredores. Não precisamos lutar por nada;

7. Preferem uma boa farra a uma aula bem programada – nos corredores no que mais se fala é em festas, assadas, rambóias. As festas são o que mais os discentes gostam. Muitos faltam às aulas por “gosto ao corpo” e para irem tomar uns copos. A única actividade universitária a que comparecem é festa. Uma festa oferecida pela Universidade dá para esquecer todos os males. Quem é louco para assistir uma aula reposta num Sábado à tarde? O pior é que a realidade profissional actual e globalizante não está nada festiva.

A par de todas essas enfermidades, a ULCV consegue ter algumas iniciativas felizes. Por exemplo, conseguiu organizar palestras, embora mal divulgadas, bastante importantes aos discentes, docentes e à sociedade, fez-se representar em feiras de profissões, contratou novos professores (alguns com elevada experiência e já com um nome no mercado) e, ainda que duma forma virtual, já fala em Centro de Investigação. Foi criada uma nova cantina (que ainda está fechada), e duas novas salas incluindo a de multimédia (ainda não equipada). Para além disso, a ULCV está a criar a primeira Tuna Universitária de Cabo Verde. Esta será uma grande iniciativa que dará uma vitalidade às actividades culturais no Mindelo e poderá trazer maior interesse dos alunos na integração de outras actividades escolares. Mas o que se questiona agora é se os discentes estarão dispostos a inscrever e a integrar a Tuna da ULCV depois de tanto descontentamento não manifestado publicamente.

As propinas podem estar em atraso mas há multas que cobrem esse “relativo incómodo”, pelo que há sempre compensação e muito dinheiro que não é empregue no que realmente faz crescer a universidade.

No que diz respeito aos docentes, é claro que muitos que não estarão de acordo com a política praticada pela reitoria da ULCV, mas nada podem fazer. Há aqueles que fazem um esforço extra, proporcionando o melhor ensino possível aos discentes, mesmo em condições adversas. Falo mesmo daqueles com sentido de responsabilidade, profissionalismo e que não se esquecem que estão a leccionar para adultos.

A Universidade tenta criar uma boa imagem externa mas a nível interno caiu no descrédito de quem a escolheu para fazer o curso dos seus sonhos. Mudanças são requeridas senão a ULCV vai perder discentes que irão preferir continuar seus estudos noutras universidades. É o caso de discentes dos cursos de Turismo e de Ciências da Comunicação vertente Multimédia, mesmo que tenham perdido tanto tempo e dinheiro.

Aquando do segundo aniversário da ULCV houve um programa interessantíssimo, com intervenções sábias e interessantíssimas, incluindo a oração de sapiência proferida pelo Professor Doutor Daniel Medina, cuja competência e experiência está a quilómetros de serem postos em causa. Mas senti-me muito triste por lá estar e ter visto migalhas de alunos. Não sei se o total chegava a 5% dos que nela estudam. Promessas não faltaram mas ficaram por fazer perguntas, pelas quais não há respostas imediatas, tais como:

• Porque é que há turmas que têm quadro branco e outra com quadro negro que ainda usam giz?

• Porque é que ainda a “Biblioteca” não foi aberta este ano lectivo?

• Quando é que os alunos terão disponível os programas curriculares completos, respeitantes a cada disciplina de cada curso?

Outras questões ficam em aberto para quem tiver coragem de as colocar. De realçar que um grupo de discentes já tinha manifestado seu descontentamento à comunicação social. Nessa altura a reitoria e a direcção da ULCV reagiram, mostraram que o que tinha sido retratado não era grave, não era verdade e que havia solução para tudo. No entanto, neste momento só nos apetece gritar: Socorro, estudo na Universidade Lusófona de Cabo Verde Baltasar Lopes da Silva!


Emanuel Lopes
Estudante da ULCV BLS
2.º Ano - Curso de Ciências da Comunicação

sexta-feira, novembro 06, 2009

Álvaro Ludgero Andrade é o novo director da TCV

O jornalista Álvaro Ludgero Andrade, até aqui administrador da RTC, vai ser o novo director da Televisão de Cabo Verde.

A informação foi avançada à RCV pelo presidente do Conselho de Administração da RTC, Horácio Semedo.
Ainda não se sabe qual vai ser a equipa de Álvaro Ludgero Andrade, mas tudo indica que deverá ficar com a maioria dos elementos que compõem o staff de Maria da Luz Neves constituído pelos jornalistas Valdemar Pires, Rui Almeida Santos e Adelina Brito. A intenção do Conselho de Administração da RTC é que a televisão pública comece o novo ano com uma nova largada.

terça-feira, novembro 03, 2009

O que achas da proposta de oficialização da língua?

Hoje esta proposta foi chumbada na Assembleia Nacional com votos contra do MPD e duas abstenções da UCID. Até que ponto esta situação vai continuar depois do governo ter afirmado que as bases para a oficialização do crioulo estão criadas.
Por capricho do Ministro da Cultura, esta tolice por pouco seria realidade, pois é preciso criar bases de instrumentalização da nossa língua, que faz parte da nossa identidade, mas desta forma não chegamos lá Senhor Ministro.
Por amor de deus isto não é nenhuma brincadeira, há que ter respeito pelo nosso povo.
Que deus acompanhe os nossos governantes e que o nosso povo não seja vitima deste capricho.
Esperamos ter a nossa língua mãe oficializada, mas com coesão e coerência.

segunda-feira, novembro 02, 2009

Cabo Verde lidera lista de seleccionados no PEC-G

Este ano o Programa brasileiro de Estudantes-Convénio de Graduação (PEC-G), que dá oportunidade de formação superior a alunos de países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém acordos educacionais e culturais, oferece 505 vagas, menos 26% em relação ao ano anterior. Entretanto, graças ao bom desempenho dos nossos estudantes, Cabo Verde continua a liderar a lista dos seleccionados com 133 vagas.

Depois de Cabo Verde, aparece a Guiné-Bissau com 95 seleccionados. Seguem-se a República Democrática do Congo e Angola com 78 e 49 vagas, respectivamente.
Foram escolhidos jovens oriundos de 26 países da África, América Central e do Sul. Dos países que fazem fronteira com o Brasil, Paraguai teve maior número de beneficiados (28). Medicina, administração, odontologia, economia e letras foram os cursos com maior número de seleccionados, superando assim as ciências de comunicação que até agora ofereciam mais vagas. Ler tudo...
Fonte: A Semana