Os bons terão sempre lugar no jornalismo

Antigo director da Televisão de Cabo Verde, Daniel Medina é Professor Doutor da Universidade Lusófona de Cabo Verde (ULCV), no curso de Ciências da Comunicação. Jornalista, cronista de rádio e jornal, comentador da televisão, Medina é um comunicador nato. Nha Terra Online foi conhecer o autor de Pela Geografia do Prazer que se prepara para lançar novo livro no mercado e saber a sua opinião sobre o jornalismo caboverdiano, a sua vida de docente, entre outras questões.

Banalização da Profissão de Jornalismo em Cabo Verde

Em vários artigos nossos publicados em Cabo Verde temos vindo a alertar o Governo e aos cidadãos, pela degradação galopante do nosso “jornalismo”. Colocamos aqui a palavra jornalismo entre aspas, porque em nosso entender não existe o jornalismo cabo-verdiano.

Diversidade de Cursos na Comunicação

Uma das causas apontadas para menos vestibulandos interessados em Jornalismo é o número de opções relacionadas à comunicação. Muitos com vocação para cinema e fotografia, por exemplo, acabavam no curso por falta de opção. Existem alguns cursos de graduação e de tecnologia que podem estar por trás do fenômeno.

Como fazer um Resumo

O resumo é uma forma de reunir e apresentar por escrito, de maneira concisa, coerente e frequentemente selectiva, as informações básicas de um texto pré-existente. É a condensação de um texto, pondo-se em destaque os elementos de maior interesse e importância.

Bibliotecas Virtuais

grande referência na área de bibliotecas virtuais, com os sites mais importantes para informação e comunicação sobre ciência e tecnologia

domingo, julho 12, 2009

Ano Lectivo 2008/2009 - A Nossa Avaliação


Terminado o primeiro ano do curso de Ciências da Comunicação, vale a pena fazer-se uma pequena retrospectiva. Aqui ficam as nossas considerações.

DISCIPLINAS

Comunicação Interpessoal
Disciplina multifacetada e abrangente, mas que infelizmente pecou pela falta de conteúdo programático e pela inexistência de bibliografia. A ser revisto urgentemente.


Semiótica
Disciplina que mais apaixonou a maioria dos discentes (atenção que isso não se deveu ao professor ou ao seu método de ensino. Nem quase!). Se foi verdade que não encontramos qualquer material disponível para trabalhar, também é verdade que os próximos discentes irão encontrar documentos de qualidade (modéstia à parte) para se abalizarem. PERGUNTA: Se o Ministério da Educação estipula que o discente deve ser avaliado numa escala de 0 a 20 valores, poderá o docente determinar que a sua nota máxima é de 16 valores?


História dos Meios de Comunicação
De conteúdo generalista, esta disciplina poderia ter incidido mais sobre a realidade cabo-verdiana (apesar dos escassos dados publicados).

Inglês para Comunicação
Com uma turma heterogénea a nível de experiências com a língua inglesa, o ensino dessa disciplina torna-se uma tarefa ainda mais árdua. Temos consciência de que um laboratório de línguas precisa de tempo (dinheiro) para ser construído, mas as condições mínimas para um melhor contacto com a língua estrangeira faz-se necessário (um aparelho de som, uma TV com reprodutor de vídeo, computadores com programas de ensino da língua inglesa, por exemplo).


Técnicas de Expressão Escrita
Com conteúdo programático pertinente, essa disciplina revelou-se de grande utilidade e importância.


Métodos Quantitativos para a Comunicação
Disciplina que tem por mérito apetrechar-nos com ferramentas para fazer a análise crítica de dados estatísticos sempre presentes na comunicação social.


Introdução às Linguagens de Programação
Se criar pastas, formatar documentos no Word e introduzir dados no Excel é programação, então essa disciplina cumpriu o seu objectivo.


Metodologias de Análise do Texto e do Discurso
Valência de extrema importância para o curso de Comunicação mas que infelizmente deixou muito a desejar, tanto ao nível de conteúdo como (e principalmente) ao nível metodológico, pois que, acreditamos que somente quem sabe pode transmitir conhecimentos.

DISCENTES
Apáticos no início mas com um potencial para se envolverem e defenderem os seus direitos a revelar-se pouco e pouco. A continuar assim, talvez não venha a ser possível situações em que:
Faz-se o segundo teste sem saber a nota do primeiro;
Faz-se o segundo teste com as notas finais já prontas e a situação exame/dispensa já definido;
Perde-se um mês e meio de aulas sem professor;
Docentes elaboram testes de 20 valores e definem a nota máxima a atribuir de 16 valores.

UNIVERSIDADE
Para quando o Guia de Estudante? Queremos saber, de entre outras coisas:
Os Planos Curriculares;
Quais os órgãos e serviços da Universidade;
Os Regulamentos de frequência, avaliação e de passagem de ano;
Quais as normas para a realização dos exames;
E a tabela de emolumentos praticadas pela Universidade.
Mas, acima de tudo, queremos Docentes (cada vez mais) de melhor qualidade.


A Nossa Avaliação:

Poderia Ter Sido Melhor!

daivarela

quinta-feira, julho 09, 2009

Férias


O verão está aí e é tempo de mostrar esses corpinhos sexys na praia da Laginha e não só. Depois de muito estudo a forma resente-se mas o essencial está lá.
"Podem apreciar à vontade", disse ela.

terça-feira, julho 07, 2009

A revolução da linguagem (Resenha)

RESENHADORES: Odair Varela - Samira Gomes

O AUTOR: David Crystal
DAVID CRYSTAL nasceu em 1941 na Irlanda do Norte. Estudou no University College, Londres, onde obteve seu doutorado em 1966. Foi professor titular de lingüística na Universidade de Reading entre 1975 e 1985, e atualmente é professor honorário de lingüística na Universidade de Wales, em Bangor. É autor de diversos livros, entre eles o Dicionário de lingüística e fonética... (www.zahar.com.br)

O LIVRO: A revolução da linguagem
A obra aparece, segundo o autor, como “uma tentativa de enxergar mais além” (CRYSTAL, 2005, p. 11), tentando trazer uma prespectiva actual sobre as tendências linguísticas já discutidas nos seus outros três livros publicados entre 1997 e 2001: English as a Global Language, Language Death e Language and the Internet.
O livro tem a edição da Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro com publicação de 2005.



O ESTUDO: Recensão do livro A revolução da linguagem, David Crystal
David Crystal, no seu livro A revolução da linguagem, propõe-se a fazer um estudo sobre um tema do qual não se conhecem muitos relatos: as revoluções de que a linguagem está sujeita. Com o livro a apresentar-se dividido em capítulos, Crystal desenvolve didacticamente os factores que segundo ele influem e caracterizam essa revolução.


1. O futuro dos “ingleses”
O autor descreve uma estranha dicotomia: quanto mais falantes de inglês há, menos se fala o inglês nativo, pois quanto mais uma língua se espalha, mais ela muda. Em cada região aonde o inglês é adoptado, ele sofre adaptações linguísticas que reflectem necessidades comunicacionais. Há adaptações lexicais, com vocábulos a ganharem novos significados e/ou palavras nativas a serem incorporadas no vocabulário. Essa inclusão de expressões emprestadas é que torna o inglês uma “língua-aspirador” (CRYSTAL, 2005, p. 38), que suga termos com muita facilidade. Isso, aliado ao facto dos novos falantes se comunicarem em simultâneo em duas ou mais línguas, provocando o fenómeno de “mudança de código” (Crystal, 2005, p. 40), é que vem estimulando o aparecimento do que Crystal (2005) chama de “novos ingleses”.
Para o autor, ser-se bilingue ou multilingue é uma condição inata do ser humano, pelo que ele preconiza como possível o surgimento de um mundo triinglês, com três níveis: o básico (ou dialecto familiar), o inglês-padrão nacional (aprendido na escola) e o inglês-padrão internacional (que não pertenceria a nenhuma região em particular). Isso provocaria o aparecimento de falantes tridialetais do inglês.
Para terminar o primeiro capítulo, Crystal questiona o futuro da identidade das outras línguas quando uma língua se torna dominante em um país e que efeitos poderia ter a nível mundial se o inglês se tornasse língua única, o que seria, segundo Crystal (2005) “um desastre intelectual de uma escala sem precedentes”.

2. O futuro das línguas
As línguas tendem a coexistir em permanente contacto. Essa concomitância trás vitalidade e, trás também, o empréstimo de palavras. Esse empréstimo é algo bom, segundo Crystal (2005, p. 58), “… valorizo cada empréstimo que tenho em meu reportório linguístico…” e os que se opõem a tal prática não conseguirão vincar a sua opinião pois, “…que a língua humana não pode ser controlada” (CRYSTAL, 2005, p. 56). Para o autor existem dois tipos de empréstimos de palavras: para aquelas que nunca foram expressas antes numa língua e para aquelas que já tinham sido expressas de forma aceitável na língua nativa. Essa oposição incide particularmente sobre esse segundo tipo de empréstimo, pois receia-se que essa nova palavra venha a substituir a anterior, receio esse infundado na opinião de Crystal (2005, p. 56), pois “…a nova palavra não tem de substituir a antiga, mas pode suplementá-la”.

O autor traz-nos um dado preocupante em relação às ameaças que recaem sobre as línguas: “…em média, uma língua morre a cada duas semanas” (CRYSTAL, 2005, p. 58) e identifica o inglês como agente decisivo no desaparecimento de línguas em várias partes do mundo. E quando é que uma língua morre? Segundo Crystal (2005, p. 60) “…morre quando a penúltima pessoa que a fala desaparece, pois então a última não tem mais ninguém com quem conversar”. A assimilação cultural é outro factor de ameaça às línguas. Quando uma cultura assimila outra, existem três grandes estágios: primeiro, há uma grande pressão sobre a população para que use a língua dominante; segundo, há um período de bilinguismo emergente, em que as pessoas expressam-se com fluência na língua dominante mas ainda fazem uso da antiga; por fim, os jovens adquirem maior domínio da língua nova e não encontram necessidade de usar a antiga.

Para combater essas ameaças o autor lança como grande desafio do século XXI a documentação das línguas (gravar, analisar e escrever), pois é imprescindível tanto a nível educacional como para a preservação da diversidade intelectual e cultural.

3. O papel da Internet
Segundo Crystal (2005, p. 75), “A aquisição da Internet pelo público foi o terceiro elemento que contribuiu para o carácter linguístico revolucionário da década de 1990”. Ela trouxe novas formas de interacção humana, condicionadas pela capacidade linguística produtiva (através do teclado) e pela capacidade linguística de recepção (através da tela). Apesar de agora ser possível uma interacção simultânea em várias conversas, essa tecnologia peca pela falta de retorno simultâneo de uma conversa face a face. O autor introduz um novo conceito, o netspeak, que “…é mais compreendida como uma linguagem escrita que foi empurrada em direcção à fala do que uma linguagem falada que foi escrita.” (CRYSTAL, 2005, p. 89). O netspeak é uma nova forma de se comunicar que mudou a personalidade formal das línguas e trouxe novas oportunidades às linguas que a usam. O caractér revolucionário da Internet deve-se também ao facto de oferecer um espaço para todas as línguas, sem excepção. Este espaço faz com que uma língua tenha uma presença real mesmo que ela seja minoritária, sendo somente condicionada pela dificuldade de se representar as letras de uma língua com exactidão no teclado. Para o autor, essa proliferação de línguas na Internet é de se louvar pois “a minha impressão é que o futuro do multilinguismo na web parece promissor.” (CRYSTAL, 2005, p. 101).

4. Depois da revolução
Após apontar os factores que estão na origem dessa revolução na linguagem (o surgimento do inglês como língua mundial, as ameaças às línguas e a Internet), o autor incentiva as pessoas a se apropriarem dos benefícios que dela advém, pois “…como sempre ocorre nas revoluções, compete aos indivíduos tirar proveito delas.” (CRYSTAL, 2005, p. 104). Actualmente, na nossa aldeia global, é-se requerido às pessoas que se tornem multilingues, não significando com isso que se domine por completo as línguas, mas que haja “…uma mistura dinâmica de diferentes níveis de competência, que estão sempre se modificando conforme mudamos de circunstâncias…” (CRYSTAL, 2005, p. 106). Nessa condição de multilinguismo não será necessário traduzir-se tudo de uma língua para outra, porque conforme Crystal (2005, p. 108), “O multilinguismo não se desenvolveu para nos capacitar a traduzir tudo para outras línguas, mas a fim de satisfazer as necessidades comunicativas pragmáticas de pessoas e comunidades individuais”. Deve-se, portanto, avançar com a tradução somente quando necessária e exequível.
Através de uma política linguística inclusiva, valorizando as línguas de igual forma e de um contacto desde cedo com as línguas é que se pode lidar com esses novos conceitos que emergiram com a revolução linguística. Para Crystal (2005, p. 113) “…o único conceito que se relaciona bem com o mundo multilíngue é o do portfólio de línguas […] É isso que precisa ser operacionalizado no currículo das escolas e nos demais lugares”.
É preciso que as pessoas tenham consciência da existência e da dimensão do problema das ameaças às línguas. Mas como conseguir isso? A resposta, segundo o autor, está nas artes, pois “…se queremos encontrar um meio de passar a mensagem sobre línguas ameaçadas para todos de forma mais directa e simpática, deveríamos usar as artes ao máximo.” (CRYSTAL, 2005, p. 121). Através das artes é possível ao problema alcançar maior visibilidade, tanto nos meios de comunicação como na escola e principalmente nas casas.


A ANÁLISE: Apreciação Crítica
O livro A revolução da linguagem, de David Crystal é uma obra bem conseguida que transmite informações científicas de forma agradável e criativa. Com uma linguagem acessível, o autor consegue expor as suas teorias de maneira compreensível ao longo de todo o texto.
Apesar do livro ter como título A revolução da linguagem, o autor foca-se em particular na língua inglesa, estudando os factores que lhe deram primazia e, também, as suas condicionantes. Crystal identifica diversos domínios que tornaram o inglês preeminente, desde a política (com o inglês a ser usado de forma oficial ou como língua de trabalho na maioria das organizações internacionais), passando pelo cinema e música popular, bem como a educação e comunicações sem esquecer a própria Internet.
De leitura fácil, o livro procura despertar na consciência dos leitores a necessidade de se preocupar em proteger as línguas e, como essa é uma tarefa de todos, o autor visa atingir um público vasto, não selectivo, onde trás um forte apelo: “Consciencializar as pessoas do sentido de ‘alerta vermelho’ da questão em escala global é, provavelmente, a iniciativa linguística mais crítica a ser tomada no novo milénio.” (CRYSTAL, 2005, p. 73).
O autor remete as referências das citações para o fim do livro, o que pode tornar a verificação bibliográfica algo difícil, mas todos os capítulos estão bem estruturados e concluídos sempre de forma sintetizada.
Durante a leitura não é fácil evitar-se transpor essas experiências para a realidade da língua Cabo-verdiana e levantar-se certas questões: estará ela ameaçada de extinção? Se sim, em que estágio nos encontramos? Que políticas de revitalização adoptar? E, como divulgar a nossa língua através da Internet se os teclados não estão configurados para reconhecer todos os nossos caracteres?
Em suma, A revolução da linguagem, de David Crystal é uma obra de referência com conceitos novos e interessantes e é finalizado com recomendações pertinentes. Recomenda-se.




Bibliografia
CRYSTAL, David, A revolução da linguagem, trad. de Ricardo Quintana, Jorge Zahar Editor, Ltda., Rio de Janeiro, 2005

JORGE ZAHAR EDITOR, Catálogos de Autores, David Crystal, Disponível em: <http://www.zahar.com.br/catalogo_autores_detalhe.asp?aut=David+Crystal>. Acesso em: 22 de Junho de 2009