quinta-feira, maio 06, 2010

Pedro Bicudo fala de Violência e Jornalismo na Universidade Lusófona de Cabo Verde


“Será que a violência no ecrã leva à réplica do acto ou, por outro lado, torna as pessoas insensíveis aos actos de violência no dia-a-dia?” foi com esta questão que o jornalista português, Pedro Bicudo, iniciou ontem (5) a palestra Os Media e a Violência, na Universidade Lusófona de Cabo Verde, em Mindelo.

Foi por iniciativa da Associação dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC) que Pedro Bicudo, antigo correspondente da Rádio Televisão Portuguesa – RTP- em Washington (EUA) e actual director da RTP/Açores esteve no nosso país para uma série de palestras. Estas acções inserem-se na comemoração do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, 3 de Maio.

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Para o conferencista, “a notícia é um evento que é caracterizada por ser algo inusitado, diferente ou surpreendente. A violência partilha muitas dessas características. Isto torna-as irmãs. Por isso que muitos telejornais abrem com notícias de violência.”

Pedro Bicudo apela à comunicação social que dê voz às vítimas de violência. “Aqueles que tem menos poder são aqueles que mais sofrem com a violência: as crianças, idosos e mulheres. Outra violência que raramente chega às televisões é aquela contra as minorias. Existe, em Cabo Verde, uma violência latente em relação às lojas chinesas ou aos vendedores ambulantes da costa africana”.

“Actualmente, com o avanço do fotojornalismo, há uma alteração das primeiras páginas dos jornais, que procuram chocar através das imagens. Até que ponto escolhemos um site de notícias tendo em conta as imagens mais fortes, ou seja, imagens de violência?”

Segundo Pedro Bicudo, para que o jornalista se torne um melhor codificador da informação acerca do fenómeno da violência precisa especializar-se. “Não havendo especialistas no jornalismo, podemos transmitir notícias com pouco conteúdo. Mais, para abordar certas questões delicadas sobre a violência é necessário um livro de estilo em cada redacção, com as normas e protocolos a seguir nestes casos. Por fim, é preciso um trabalho conjunto ou jornalismo comunitário. É estar a par e trabalhar com as associações que lidam com a violência, presentes na comunidade”.

Fonte: www.nhaterra.com.cv

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