terça-feira, dezembro 08, 2009

Carta ao Pai Natal




Mindelo, 8 de Dezembro de 2009

Querido Pai Natal,


Este ano vais receber uma carta com uma certa antecedência – a minha. Não que seja apressado; o facto é que escrevo-te esta carta antecipadamente porque a Universidade Lusófona... sim, a Universidade onde estudo... então, a Universidade Lusófona vai avançar ainda hoje, dia 8 de Dezembro, com uma festa de Natal para os discentes.

Isso está a acontecer hoje, enquanto devíamos ter três horas de aula duma disciplina que já está com um desfalque de (apenas) nove horas. Mas, com certeza, uma “festa de natal” numa Universidade com problemas sérios por resolver é mais importante do que ter aulas que têm altas probabilidades de nunca virem a ser repostas.

Pai Natal, não estou aqui para me queixar, mas sim para te dizer que, embora o ano não tenha sido bom para mim, fiz de tudo para ser um bom menino. E, sendo assim, penso ter algum direito a presentes. E olha que desta vez não vou pedir nada para mim. Vou pedir, sim, para todos os meus colegas que sofrem e também para a gestão da ULCV. Não tem sido fácil, acredito. Mas tenho a certeza que, se o Pai Natal não der uma ajudinha, estaremos entregues à bicharada.

O que realmente quero é que o Pai Natal ofereça à ULCV um bebedouro que nos foi prometido há três anos, uma biblioteca equipada com uma prometida inundação de livros, uma sala de informática condigna, uma cantina para que não nos transformemos em diabéticos com os drops e chupa-chupas da Dna. Alice, água nos WC’s, uma máquina de fotocópias e um laboratório multimédia para os discentes de Ciências da Comunicação. Além disso, queremos professores disponíveis, que não faltem constantemente às aulas e que nos apoiem quando necessário. Enfim, condições mínimas para que realmente sintamos que estudamos numa universidade.

Goataria ainda que, por estares um pouco mais perto do Nosso Deus, que lhe pedisses que ponha um pouco de juízo na cabeça dos meus colegas e que lhes dê, na mesma medida, coragem para reclamarem como deve ser e fazerem uso dos seus direitos, não descurando das suas obrigações. Pede-lhe também, em meu nome pessoal, para dar-me forças e paciência suficiente para não abandonar este curso que tanto gosto e ir à procura de outro numa universidade digna desse nome.

Meu amigo de sempre, Pai Natal, não queria chatear-te assim tanto, principalmente numa época que é dedicada às crianças. E sei bem que já não somos crianças, porém parecemos mais crianças brincando de universitários que ainda não têm consciência do ingrato futuro que nos espera, continuando com a nossa actual postura.

Não tendo mais a pedir-te, querido Pai Natal, despeço-me com gratidão e admiração.

Um grande abraço e que não desistas de fazer o mundo feliz, mesmo que seja por tão pouco tempo durante um ano. Espero, ansiosamente a tua resposta. Não demores, siiiiimmmm?

Um aluno da ULCV que admira muito o teu trabalho

P.S.: Pai Natal, peço que não me desiludes. Estou profundamente desacreditado sobre as acções e projectos da ULCV, mas acreditar que não existes seria um duro golpe para a minha pobre cabecinha.

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