Segundo Pierre Bourdieu, “um dos principais problemas que enfrenta a TV é a relação entre o pensamento e a velocidade”. Não há tempo para processar as ideias, para reflectir e pesar os argumentos e emitir um juízo sobre as “ideias recebidas”, triviais e compartilhadas por todos. A informação que se oferece excede largamente a capacidade humana de absorver e reter.
A televisão, pública ou privada, não tem outro mundo em que operar que não o mundo conquistado e governado pelas leis do mercado, que detêm o poder supremo. O rating dá conta do “poder de retenção” de um programa: para alcançar um rating respeitável, há que reter a atenção dos espectadores enquanto dura o programa. Numa cultura de casino, onde cada partida é breve e os prémios em jogo mudam rapidamente, não tem muito sentido planificar a largo prazo.
Os defensores do funcionamento dos meios de comunicação de massa afirmam que só dão o que os seus clientes querem. No “estado líquido” da modernidade, a mobilidade, ou melhor, a capacidade de manter-se em movimento, é o material com que se constrói uma nova hierarquia de poder, é o factor primordial da estratificação. Neste contexto, duas capacidades intimamente ligadas adquirem um valor sem precedentes para o êxito e a sobrevivência. Uma é a flexibilidade: a capacidade de mudar de direcção, de ajustar-se instantaneamente às circunstâncias quando estas mudam. A outra é a versatilidade: não colocar todos os ovos no mesmo cesto.
daivarela (tradução livre da versão espanhola)
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