9 de Dezembro de 1974, 9 de Dezembro de 2009: quinze anos se passaram sobre a tomada da Rádio Barlavento. A data foi comemorada em grande com uma mesa redonda realizada no Centro Cultural do Mindelo sob o tema “Os desafios da rádio pública na era digital”. Foi muito interessante ver gerações diferentes de jornalistas e demais profissionais da rádio e da televisão reunidos no Auditório do Centro Cultural do Mindelo para exporem suas ideias e a incentivarem os presentes a participar de um debate que se figurava no mínimo interessante. A destacar, as presenças dos jornalistas Carlos Santos, Director da RCV, Carlos Lima, Staff da RCV em São Vicente e Carlos Gonçalves, Director da Rádio Comercial e do actual Presidente do Concelho da Administração da RTC. Rito Afonso fez as honras da casa e o jornalista José Leite moderou inteligentemente o debate.
Das várias histórias de aventuras da rádio em São Vicente, recorda-se que até 1974 não havia jornalistas e o serviço de rádio era prestado por alunos do Liceu, professores e ilustres cidadãos. Hoje a RTC, órgão que gere a RCV e a TCV, criado a 12 de Março de 1997, conta com 246 trabalhadores, estando 68% na cidade da Praia, 17% na cidade do Mindelo e o restante espalhado entre Sal, Fogo e Assomada. Dos 246 trabalhadores existentes, 74 são jornalistas, em que 69% trabalha na Praia, 19% em S. Vicente, 5% no Sal 4% no Fogo e 3% na Assomada.
Longe fica a ideia da RTC ser uma empresa lucrativa. Com receitas que chegam aos 440 milhões de escudos, o saldo fica negativo devido a despesas na ordem dos 470 milhões de escudos. De salientar ainda que 58% dessas receitas provêm das taxas da RTC pagas através da ELECTRA, enquanto apenas 11% fazem parte de indemnizações compensatórias (receitas do estado).
Outros dados importantes que foram revelados nessa mesa redonda pelo PCA da RTC dizem respeito às despesas. 50% dessas despesas, traduzido em mais de 20 mil contos, são com o pessoal. As dívidas com credores estão acima dos 200 mil contos, sendo um desses principais credores a CV Telecom. Segundo o PCA, a RTC não tem capacidade de cumprir com muitas de suas obrigações estatutárias. Esse cumprimento só se vislumbra com o possível contrato de concessão de serviço público entre o Estado e a RTC e a sua modernização tecnológica. E, para que isso se torne uma realidade, projectos já estão em curso e uma nova plataforma será apresentada em 2010.
Assuntos de outra ordem foram trazidos à tona, entre os quais o facto de a TCV dar muita importância a programas internacionais, sobretudo telenovelas brasileiras, em detrimento da produção nacional, o apoio que o estado dá à RTC, órgão estatal, incluindo benefícios publicitários, fazendo concorrência desleal com rádios privadas. Carlos Gonçalves defendeu inclusive que pode-se fazer rádio com muito menos dinheiro do que é gasto pelo estado a favor do estado.
Alguns alunos do Curso de Ciências da Comunicação fizeram-se presentes, ficando a turma do primeiro ano melhor representada. Muitos colocaram também algumas questões e mostraram-se preocupados com o futuro que se avizinha. Todos saíram a ganhar, principalmente a RTC e a Universidade Lusófona que acabaram por assinar tão almejado protocolo. Uma real satisfação para as futuras fornadas de jornalistas e fazedores de rádio e televisão que sairão da ULCV.
Mais protocolos que poderão vir a ser assinados. Uma das empresas que já demonstrou esse interesse é a Photogira.
Emanuel Lopes
0 comentários:
Enviar um comentário