Os bons terão sempre lugar no jornalismo

Antigo director da Televisão de Cabo Verde, Daniel Medina é Professor Doutor da Universidade Lusófona de Cabo Verde (ULCV), no curso de Ciências da Comunicação. Jornalista, cronista de rádio e jornal, comentador da televisão, Medina é um comunicador nato. Nha Terra Online foi conhecer o autor de Pela Geografia do Prazer que se prepara para lançar novo livro no mercado e saber a sua opinião sobre o jornalismo caboverdiano, a sua vida de docente, entre outras questões.

Banalização da Profissão de Jornalismo em Cabo Verde

Em vários artigos nossos publicados em Cabo Verde temos vindo a alertar o Governo e aos cidadãos, pela degradação galopante do nosso “jornalismo”. Colocamos aqui a palavra jornalismo entre aspas, porque em nosso entender não existe o jornalismo cabo-verdiano.

Diversidade de Cursos na Comunicação

Uma das causas apontadas para menos vestibulandos interessados em Jornalismo é o número de opções relacionadas à comunicação. Muitos com vocação para cinema e fotografia, por exemplo, acabavam no curso por falta de opção. Existem alguns cursos de graduação e de tecnologia que podem estar por trás do fenômeno.

Como fazer um Resumo

O resumo é uma forma de reunir e apresentar por escrito, de maneira concisa, coerente e frequentemente selectiva, as informações básicas de um texto pré-existente. É a condensação de um texto, pondo-se em destaque os elementos de maior interesse e importância.

Bibliotecas Virtuais

grande referência na área de bibliotecas virtuais, com os sites mais importantes para informação e comunicação sobre ciência e tecnologia

segunda-feira, maio 31, 2010

Especial Reforma Ortográfica: Uma Revolução sem Gramática

Professor honorário de lingüística da Universidade do País de Gales, em Bangor, David Crystal, de 66 anos, é uma das maiores autoridades mundiais em linguagem. Autor de A Revolução da Linguagem (Jorge Zahar), ele falou a VEJA sobre as mudanças que a internet trouxe ao uso da língua e sobre as línguas em extinção.



A INTERNET ESTÁ MUDANDO O CARÁTER DAS LÍNGUAS?

Em cinqüenta ou 100 anos, todas as línguas que utilizam a internet serão diferentes. Está surgindo o que chamo de netspeak, "fala da rede", ou comunicação mediada pelo computador, em jargão acadêmico. Ainda é impossível prever, no entanto, quais serão a forma e a extensão dessa mudança. Leva muito tempo para que uma transformação efetiva se manifeste numa língua. No inglês, por exemplo, notamos uma grande diferença entre a linguagem de Chaucer e a de Shakespeare. Duzentos anos separam o nascimento de um e de outro. Pergunte às pessoas quando foi a primeira vez em que elas mandaram um e-mail. Foi há dez, talvez cinco anos. É algo recente demais. Existem curiosos fenômenos de ortografia, o uso de sinais tipográficos e dos chamados emoticons. Mas, se procurarmos por novas palavras ou uma nova gramática na internet, não encontraremos muita coisa. O inglês é uma língua com mais de 1 milhão de palavras, e somente umas poucas centenas foram incorporadas a ela por causa da internet. Isso não altera o seu caráter.

A INFORMALIDADE É UMA CARACTERÍSTICA CENTRAL DO NETSPEAK?

Sim, até o momento. Isso tudo começou com os nerds da internet, há vinte, trinta anos. E eles eram rebeldes. Viam a rede como uma revolução, uma alternativa democrática às formas de comunicação mais formais. Esses pioneiros não pontuavam, não se preocupavam com ortografia, criavam formas estranhas de grafar as palavras. Quando a internet se espalhou, a informalidade se popularizou também. Nos anos 80 e 90, e-mails se tornaram muito informais. Mas a idade média do usuário de internet vem subindo, e com isso a comunicação está ficando mais formal novamente. Acredito que os estudos sobre netspeak que virão daqui por diante vão documentar um aumento da formalidade.

O SENHOR AFIRMA QUE, NO ATUAL RITMO DE EXTINÇÃO, EM UM SÉCULO TEREMOS SO METADE DAS LÍNGUAS QUE SÃO FALADAS NO PLANETA HOJE. POR QUE TANTAS LÍNGUAS ESTÃO DESAPARECENDO?

O principal motivo é a assimilação cultural por causa da globalização. O crescimento das grandes línguas do mundo funciona como um trator, esmagando os idiomas que se põem no caminho. Isso não é um fenômeno restrito a duas ou três línguas. Não é apenas o inglês que ameaça línguas nativas na Austrália, ou o português que põe em perigo idiomas indígenas no norte do Brasil. O chinês, o russo, o hindi, o suahili – todas as línguas majoritárias ameaçam idiomas de comunidades pequenas. O futuro dessas línguas minoritárias está vinculado a políticas regionais. Nos lugares onde elas sobrevivem, há uma série de práticas políticas e econômicas que valorizam a diversidade.

O QUE SE PERDE QUANDO UMA LÍNGUA MORRE?

Quando me fazem essa pergunta, costumo rebater com outra: como seria o mundo se a sua língua não houvesse existido? O que você teria perdido, o que todos teríamos perdido se não existisse o português? Se não houvesse o inglês, não teríamos Chaucer, Shakespeare, Dickens. Quando colocamos as coisas nesses termos, as pessoas vêem. Uma língua expressa uma visão peculiar do mundo. Não importa se a comunidade que utiliza essa língua vive em uma selva, em um iceberg ou na cidade, sua história, seu ambiente e seu modo de pensar não têm igual. O único meio de comunicarmos a percepção do que é ser humano em determinado ambiente é através da linguagem.

NO BRASIL, JÁ HOUVE TENTATIVAS DE RESTRINGIR LEGALMENTE O USO DE PALAVRAS ESTRANGEIRAS, ESPECIALMENTE DO INGLÊS. O INGLÊS PODE SER CONSIDERADO EM ALGUMA MEDIDA UMA AMEAÇA AO PORTUGUÊS?

Não, de forma alguma. Esses movimentos puristas aparecem no mundo todo. E o fato básico é que todas as línguas tomam empréstimos das outras. Ao longo dos últimos 1.000 anos, o inglês incorporou palavras de mais de 350 línguas. Só 20% das palavras do inglês atual remontam às origens anglo-saxônicas e germânicas da língua. Essa incorporação de palavras tornou o inglês uma língua expressiva e rica. Shakespeare não poderia escrever o que escreveu se não contasse com um vocabulário que era germânico, francês e latino. Palavras se incorporam a uma língua não para destruí-la, mas para permitir novas oportunidades de expressão. Se cada palavra que entra no português apagasse uma palavra anterior, isso seria de fato um fenômeno estranho e indesejável. Mas não é assim que funciona. A nova palavra não substitui palavras preexistentes, ela passa a vigorar ao lado delas. A língua evolui desse modo e alcança uma gama expressiva mais ampla.

COMO LIDAR COM A QUESTÃO DO VOCABULÁRIO IMPORTADO AO EDUCAR AS CRIANÇAS?

Os jovens gostam de usar palavras estrangeiras, pois em geral elas soam inovadoras. Gostam também de empregar gírias que eles próprios criam. Não se pode proibir jamais crianças e adolescentes de utilizar suas formas particulares de linguagem. É como dizer a eles: "Valorizem a linguagem – mas não a sua própria". É muito importante que, nas escolas, os estudantes aprendam toda a gama de possibilidades da língua. Eles precisam descobrir que há palavras tradicionais e palavras novas para as mesmas coisas. E devem saber também a diferença estilística entre essas opções.

POR QUE O INGLÊS É A LÍNGUA MAIS VISADA PELOS PURISTAS?

Pela razão simples de que é a língua mais globalizada. É sobretudo uma questão política, que varia de região para região. Quem fala quíchua, no Peru, não está preocupado com o inglês, mas com vocábulos que remetem à história do domínio espanhol sobre os povos indígenas. A política está sempre por perto nessas questões.

Saiba Mais:

* Especial: Reforma Ortográfica
* Especial Reforma Ortográfica: Falar e Escrever Certo
* Comissão discute prazos para a reforma ortográfica
* Portugal pode atrasar reforma ortográfica
* Reforma ortográfica não deve sair em 2008
* Brasil vai esperar Portugal para fazer a reforma ortográfica


Adaptado da Revista Veja

Fonte:

  • FE - Abril.com - 17/09/2007

Postado por: FK - 18/05/09

Retirado de: Colégio São Paulo I

sábado, maio 29, 2010

Dá que pensar (2)




Este blog foi criado em 2009 por alunos do primeiro ano do Curso de Ciências da Comunicação. Estamos agora no segundo ano e este é um blog com um número simpático de visitas.

Porém, essas visitas estão mais concentradas no estrangeiro (sobretudo Brasil). Se repararem há um inquérito na coluna direita deste blog para saber quem consulta. Acontece que, dos que responderam ao inquérito, 37% frequenta o nosso curso (mas acredito que quase todos os visitantes pertençam à nossa turma) e 11% são discentes de outros cursos da ULCV. Mas o mais curioso é o facto de 13% pertencerem a outras universidades e 12% não pertencerem a universidades.

Isso quer dizer que, ou o nosso blog não é conhecido no meio da ULCV, ou é ignorado. Ignorado, mas apreciado por outros de fora que inclusive aproveitam para tirar daqui textos e matérias que ajudam até em trabalhos de mestrado. Interessante, não?

Além do mais, o Administrador da ULCV demonstrou o seu interesse em colocar no site da ULCV um link para o nosso querido e suado blog.

Caros colegas da ULCV não mandem tantas bocas escondidas num antro de ignorância. Antes de exigirmos qualquer coisa, façamos a nossa parte. Porque quem não se enche de razão não pode discutir nenhuma razão.

Mais ainda... INVEJA TA MATÁ!

Paz e amor

Neu Lopes

Dá que pensar (1)




Há poucos dias uma docente entrou numa sala de aulas e, como se de uma aula do ensino secundário se tratasse, ordenou aos discentes que "tirassem uma folha" porque iriam fazer um teste.

Ora, eu não tenho nada a ver com essa turma, mas também estudo nesta universidade. E fico indignado com as seguintes perguntas:

- Afinal, os testes não devem ser feitos em papel próprio para o fim?

- Existe ou não um regulamento para avaliação na ULCV? Esse regulamento permite uma palhaçada dessas?

- Não terão os discentes todo o direito de reclamar sobre o assunto, dentro da legalidade, uma vez que pagam (e muito bem) para que os docentes tenham na ULCV mais um emprego?

Pensei que não iria mais escrever desabafos destes. Mas não dá para aguentar abusos de pessoas que passam a vida a faltar às aulas, não dando a mínima importância a quem, depois de um longo e cansado dia de trabalho e, depois de ter pago a propina a horas para que não lhe fosse cobrada multa, vêm parar a esta universidade que fica no alto da cidade e nos recebe com muito vento e frio.

Os discentes não têm que avaliar o docente, mas têm o direito de avaliar a sua postura, atitude, profissionalismo e respeito. E quem não cumprir, é como o velho ditado - "Inquilino que não paga renda..."

Neu Lopes

sexta-feira, maio 28, 2010

Acontecimentos versus Políticas


Segundo o slogan da RTL: “A informação é como o café: quando quente e forte, é boa”. Para ajustar esta crença, os media reciclam o mundo como uma sucessão de acontecimentos, importando que cada acontecimento seja suficientemente forte para aparecer nos títulos, mas que ceda o seu lugar antes de esfriar-se. A grelha de acontecimentos converteu-se na única maneira de abordar o mundo.

O público que cobrou identidade (e que rapidamente foi desmantelado) com o “acontecimento em vista do público” é uma congregação de espectadores, não de actores. A “pertença” que surge do facto de olhar o mesmo com o mesmo enfoque não exige outro compromisso que não o da atenção. Os membros da congregação dos espectadores não têm por que seguir o espectáculo de forma activa. Os acontecimentos servem para demonstrar que a “cena pública” é para olhar e desfrutar, não para actuar.

Dado que, esta comunidade é de natureza efémera e que o sentido de pertença que propiciam é muito débil, quando desaparecem deixam nos seus membros um vazio que exige ser preenchido o quanto antes. Aqui, de novo, a intrínseca mortalidade dos acontecimentos são de grande ajuda: uma vez que se corta em rabanadas episódicas, a vida necessita de um grande número e variedades de acontecimentos capazes de captar a atenção para tapar a falta de lógica e continuidade.

Poderíamos dizer que, em termos de consumidores de acontecimentos, todos sofremos de bulimia e que os acontecimentos são a comida ideal. Os afectados pela bulimia devem desfazer-se rapidamente do que ingeriram para dar lugar à mais comida: os acontecimentos/espectáculos estão feitos à medida deste propósito. Estão pensados para serem consumidos imediatamente e evacuados com a mesma celeridade; para serem engolidos sem serem mastigados e para não serem digeridos nunca. Nem bem chegam à consciência, abandonam-na, muito antes de terem a possibilidade de serem assimilados e de passar assim a fazer parte do organismo consumidor.
Em todos esses aspectos, os acontecimentos se opõem implacavelmente sobre as políticas. As políticas eram as que iriam desempenhar a função integradora que agora foram assumidos pelos acontecimentos/espectáculos. Eram as que davam origem às comunidades formadas por aqueles que compartilhavam uma mentalidade semelhante. Mas faziam-no de modo distinto e seus produtos se diferenciavam de maneira coerente.

A grande pergunta que se coloca ao desafio para a acção política ortodoxa de hoje em dia, não é “o que há para fazer”, mas sim, “quem é capaz de fazê-lo e estaria disposto”. Actualmente, a “globalização” não significa mais do que a globalidade de nossas dependências e as instituições políticas herdadas sob o signo da democracia moderna não conseguiram seguir o avanço da economia no espaço global. O resultado é um mundo em que o poder flui no espaço global fora de controlo e do alcance das instituições, enquanto que a política continua seguindo tão localmente como sempre. O poder está muito aquém do alcance da política. A crescente brecha entre o poder económico e as agências políticas actuais gera esta espécie de “precariedade” provocando as angústias e traumas que saturam as vidas de eleições, que dificilmente vão retroceder. São essas angústias e traumas que os homens e mulheres de hoje procuram responder com as suas políticas de vida.
daivarela (tradução livre da versão espanhola)

Autoridade versus Idolatria


A política com maiúscula requer líderes com autoridade. As políticas da vida, ao contrário, necessitam de ídolos. A diferença entre um e outro não poderia ser maior, apesar de que a alguns líderes se idolatram e que as vezes os ídolos se arrogam a autoridade a partir da grandeza do seu culto.

A política é muitas coisas, mas dificilmente poderia ser uma dessas coisas se não fosse em primeiro lugar a arte de traduzir problemas individuais em assuntos públicos, e interesses comuns em obrigações individuais.

As políticas de vida, pelo contrário, são egocêntricas e auto-referenciais e estão desde o princípio limitadas a um marco individual: trata-se de lutar pelo “espaço” da própria identidade individual, preservando a dos outros.

Aqui é que os ídolos entram em acção. Ao veicular-se a demanda de modelos de uma boa sociedade, e ao torná-los mais difíceis de alcançar, tendem a atrair um público potencial. A demanda de modelos de uma boa vida (de uma boa vida individual, com objectivos e satisfações individuais) aumenta exponencialmente. A diferença com os líderes é que os ídolos estão sendo feitos à medida da nova demanda. Os ídolos não mostram o caminho a seguir: apresentam-se a si próprios como exemplos.

Num mundo em que as políticas de vida individuais inibem totalmente o desenvolvimento de qualquer outra actividade política, os exemplos exercem melhor função que os programas e plataformas e as revistas cor-de-rosa sobre famosos cumprem melhor papel do que reuniões políticas, manifestos ou panfletos. São, por certo, o instrumento educativo indispensável do qual as políticas de vida não poderiam prescindir e tão pouco poderiam obter de outra fonte.

Para inculcar o exemplo mostrado com a autoridade necessária para transformar uma mera aventura individual em um modelo imitável, é necessário uma massa de espectadores; e a contínua demanda destes modelos assegura uma enorme audiência. Somente pela força do seu número, a massa confere carisma aos ídolos; e o carisma dos ídolos converte os espectadores em uma massa.

A idolatria condiz com o modo de vida contemporâneo num outro aspecto também: está em sintonia com o carácter fragmentário dos projectos de vida individual. Num mundo de mudanças abruptas e imprevisíveis, uma política de vida razoável exige o percurso da vida em episódios que se sucedem mas que um não determine o outro. A capacidade de “renascer” constantemente, de “tentar outra vez” ou de “começar desde o princípio”, adquire nas condições actuais, um valor capital de sobrevivência: isto é, em termos gerais, o que os políticos tentam inculcar quando exigem “maior flexibilidade”.

Diferente da antiga fama, a celebridade é efémera e a fugacidade da sua ascensão condiz com uma vida que se vive como uma série de recomeços. Unir-se ao culto da celebridade não é como abraçar uma causa: não exige assumir compromissos a largo prazo e por isso não hipoteca o futuro.

O que a idolatria perde em durabilidade, ganha-o em intensidade. Ela condensa emoções que de outro modo se dispersariam em períodos mais prolongados. O parâmetro com que se mede o valor da experiência tende a ser a sua capacidade de produzir entusiasmo, não a profundidade dos seus vestígios, adequando-se a “um máximo impacto e a um obsoleto imediato”. A monótona, e em termos gerais, pálida actividade política tradicional não está preparada para destacar-se entre os seus competidores, e se isso sucede, dificilmente atrai muitos espectadores. Mais dificilmente consegue conservar a sua atenção pelo tempo necessário. Os ídolos de hoje, mais do que nenhuma outra coisa, simbolizam a futilidade dos esforços humanos e a certeza de que nos extinguiremos sem deixar rastos. Mas a procissão de celebridades é demasiado colorida e sucede-se muito rapidamente para permitir um instante de reflexão acerca da futilidade dos esforços e a certeza de extinção.
daivarela (tradução livre da versão espanhola)

O privado versus o público


Os “talk shows”, as confissões públicas de questões privadas, converteram-se nos empreendimentos televisivos mais comuns, triviais e previsíveis, além de ser as que apresentam os mais altos ratings. Hoje vivemos numa sociedade convencional. Instalamos microfones nos confessionários e os conectamos a uma rede de acesso público. Ventilar em público a própria intimidade tornou-se a tarefa sine qua no de toda a figura pública e a obsessão compulsiva de todos os demais.


Uma das razões para falar-se de uma revolução cultural liderada pela televisão (ou melhor, assistida pela televisão) é o nascimento e rápido desenvolvimento de uma linguagem que permite compartilhar publicamente os sentimentos privados. A impossibilidade de expressar de maneira articulada era um dos obstáculos para a transgressão da barreira entre o público e o privado. Os “talk shows” são classes públicas que encenam uma nova linguagem, que trespassam a fronteira entre o comunicável e o articulável. Uma vez que essas vivências subjectivas adquiriram um nome, converteram-se em objectos que se podem buscar, encontrar, examinar e discutir: a linguagem cria seu próprio público e o seu próprio espaço público.


Outra razão é a tendência inerente dos “talk shows” de representar a vida humana, seu tema e substância, como um conglomerado de problemas individuais que buscam uma resolução individual, que por sua vez exige a utilização de recursos também individuais.


Ao redor da instituição do “talk show” criou-se uma comunidade: uma sociedade de indivíduos unidos somente pelo seu próprio isolamento. Esta audiência não forma uma equipa, por mais coordenação que exista entre os seus pensamentos e sua maneira de actuar. Durante a sessão, os seus problemas não adquirem um carácter diferente; não são traduzidos em assuntos de ordem público. Simplesmente, foram declarados publicamente de forma privada e receberam confirmação pública de que o são. A televisão é a condição sine qua non para “trazer o exterior para dentro”, para transferir a resolução dos problemas sociais para biografias individuais. Para a política este impacto foi devastador.


A substância da política democrática é um processo contínuo de tradução simultânea: dos problemas privados em assuntos públicos e dos interesses públicos em direitos e deveres individuais. Esta dupla tradução foi a primeira vítima dessa interiorização do exterior. Esta foi possível somente porque primeiro foi levado a cabo o processo inverso: sem ela, a política estava efectivamente desarmada.A grande fraude dos media, ao ajudar a “arma maravilhosa” a dar a forma do mundo “como se vê na TV”, é a de acelerar e facilitar a substituição da política como empreendimento colectivo para as políticas da vida; é decidir pela busca individual.

daivarela (tradução livre da versão espanhola)

Velocidade versus lentidão


Segundo Pierre Bourdieu, “um dos principais problemas que enfrenta a TV é a relação entre o pensamento e a velocidade”. Não há tempo para processar as ideias, para reflectir e pesar os argumentos e emitir um juízo sobre as “ideias recebidas”, triviais e compartilhadas por todos. A informação que se oferece excede largamente a capacidade humana de absorver e reter.


A televisão, pública ou privada, não tem outro mundo em que operar que não o mundo conquistado e governado pelas leis do mercado, que detêm o poder supremo. O rating dá conta do “poder de retenção” de um programa: para alcançar um rating respeitável, há que reter a atenção dos espectadores enquanto dura o programa. Numa cultura de casino, onde cada partida é breve e os prémios em jogo mudam rapidamente, não tem muito sentido planificar a largo prazo.


Os defensores do funcionamento dos meios de comunicação de massa afirmam que só dão o que os seus clientes querem. No “estado líquido” da modernidade, a mobilidade, ou melhor, a capacidade de manter-se em movimento, é o material com que se constrói uma nova hierarquia de poder, é o factor primordial da estratificação. Neste contexto, duas capacidades intimamente ligadas adquirem um valor sem precedentes para o êxito e a sobrevivência. Uma é a flexibilidade: a capacidade de mudar de direcção, de ajustar-se instantaneamente às circunstâncias quando estas mudam. A outra é a versatilidade: não colocar todos os ovos no mesmo cesto.


daivarela (tradução livre da versão espanhola)

Casandriano versus Panglosiano.


O verdadeiro impacto que tem a televisão sobre a nossa forma de actuar e pensar deveria ser buscada na sua presença massiva, omnipresente e indiscreta das imagens transmitidas pela TV. O mundo se faz presente à nossa vista como uma sucessão de imagens a serem gravadas e o que não pode ser gravado em imagens, não pertence a este mundo.

Como é costume culpar o mensageiro pelos males da mensagem e porque a maioria das mensagens actualmente chegam através da televisão, há boas razões para se supor que seguiremos culpando a TV pelos males do mundo em que habitam tanto os produtores de TV como os espectadores dos programas que eles produzem. Se a TV guia o mundo, é porque o segue: se é capaz de disseminar novos padrões de vida, é porque reproduz estes padrões como eles são. Tentar mudar a maneira de ser da TV não exige outra coisa que não seja mudar o próprio mundo.

Desde o começo da invasão que o impacto do novo meio de comunicação sobre a vida dos seres humanos e suas interacções tem oscilado entre um ponto de vista casandriano e panglosiano.

Os casandrianos vêem a televisão como o próximo grande passo no caminho para o totalitarismo que a sociedade tem seguido desde o começo dos tempos modernos. A “arma maravilhosa” e irresistível de empobrecimento intelectual, lavagem cerebral, doutrinamento e imposição de um conformismo irreflexivo, comandada pelos que detêm o controlo das câmaras de TV contra os espectadores sentados à frente do ecrã dos seus televisores.

Os panglosianos receberam-no como o próximo grande passo no caminho da emancipação que a humanidade têm seguido desde o grande despertar que se chamou de Ilustração: se o saber é poder, e o ecrã é a vitrina através da qual se pode contemplar as jóias da coroa do conhecimento humano, a TV é, ou está destinada a ser, uma das armas mais poderosas para a liberdade individual na construção da sua auto afirmação.

Entretanto, há um ponto em que os antagonistas mostram-se de acordo: a TV, de igual forma que os outros meios, não é mais do que uma maneira de tornar realidade aquilo que os seres humanos, individual ou colectivamente, sempre quiseram fazer, só que até ao momento não dispunham de tempo, dinheiro, ferramentas ou conhecimentos necessários para fazerem à semelhante escala, ou com consequências tão profundas como as que desejavam suscitar.

À Marshall McLuhan corresponde o crédito de ter sido o primeiro a abrir uma brecha no marco cognitivo que os antagonistas haviam criado conjuntamente. A descoberta de que “o meio é a mensagem”desviou a atenção do conteúdo do argumento, da percepção e retenção.A brecha logo viria a ser ampliada pela inversão fundamental, estabelecida por Elihu Katz sobre a suposta relação entre a “realidade” e sua “representação mediática”: pelo seu descobrimento de que os acontecimentos existem somente quando são “vistos pela TV”. A partir daí, havia só um passo para o simulacro de Jean Baudrillard, que deitou por terra a distinção entre realidade e ficção, entre o “verdadeiro” e sua representação, entre o “dado” e o “inventado”. O simulacro é hiperreal, uma presença mais real que a própria realidade, dado que é uma espécie de realidade que não permite o “por fora”, a partir da qual se poderia examinar, criticar e censurar.
daivarela (tradução livre da versão espanhola)

quinta-feira, maio 27, 2010

Palavras para quê?

Alunos do 2.º ano de Ciências da Comunicação no CAVSAR/EXEMER ASP 05.10


O CAVSAR/EXEMER ASP 05.10 foi o nome dado ao exercício de emergência levado a cabo no Aeroporto de São Pedro no passado dia 22 de Maio, numa acção conjunta da ASA-Aeroportos e Segurança Aérea e a Guarda Costeira.

O exercício foi feito com o intuito de testar a capacidade de resposta a uma situação de crise por parte dos diversos actores responsáveis pela segurança em São Vicente. Tal que no exercício tomaram parte várias entidades, entre as quais os diversos operacionais e técnicos do Aeroporto de São Pedro, as operadoras TACV e Halcyonair, Forças Armadas, Polícia Nacional, Polícia Judiciária, Bombeiros Municipais, Serviço de Protecção Civil, Hospital Baptista de Sousa, Cruz Vermelha e Delegacia de Saúde de São Vicente. O Exercício contou ainda com o apoio da Força Aérea Espanhola, a comunidade da aldeia de São Pedro, bem como cerca de 200 figurantes, dentre eles o Grupo de Teatro Craq'otchód, o Grupo de Teatro dos alunos do Liceu José Augusto Pinto e os discentes do 2.º ano de Ciências da Comunicação da Universidade Lusófona de Cabo Verde.

A actuação dos nossos colegas como jornalistas foi tão convincente que mereceu o reconhecimento do Aeroporto de São Pedro e do Chefe do Gabinete de Comunicação e Relações Públicas da ASA.

Para nós foi uma experiência agradável e que pôs à prova a nossa capacidade de reacção numa situação real.

Ficam, para a posteridade, algumas imagens.




Jornalistas em acção




A vez da televisão




A equipa




Enquanto uns posam para a foto, o Hernani Delgado trabalhava,
pois havia uma conferência de empresa com jornalistas a sério.
De pé (da esquerda para a direita): Roger, Ary, Neu, Sibélle, Tenisha.
De cócoras: Sams

Sobre o 1.º Concurso de Leitura ULCV


Arilízia Rodrigues - Vencedora do 1.º Concurso de Leitura ULCV


Mais uma vez, contra todas as dificuldades, os alunos de Ciências da Comunicação da ULCV levaram a cabo mais uma actividade. Desta vez, as atenções foram ao encontro de um Concurso de Leitura dirigido a oito turmas de mais de vinte alunos. Não será nenhuma novidade de falarmos de 10 concorrentes. Pois, este é o número de concorrentes num universo de, pelo menos, 160 alunos. Pior, três dos concorrentes desistiram de concorrer.

No final, os concorrentes saíram com a sensação de que terá valido a pena, tanto que os elementos do júri aproveitaram a ocasião para partilhar sua experiência e deixar opiniões importantíssimas para os futuros comunicólogos.

De salientar o trabalho dos discentes do 3.º ano do Curso de Ciências da Comunicação e do professor Bob Lima, que não arredaram pé do auditório da ULCV para que a reportagem em vídeo fosse uma realidade.

Mas mais triste foi a ausência de responsáveis da ULCV, sendo que o Administrador encontrava-se fora do país. Só se fez representar, do início ao fim do certame, o Dany que esteve a trabalhar com a organização.

Os prémios foram patrocinados pelo Instituto Nacional da Biblioteca e do Livro e do Centro Cultural Portugês - Instituto Camões no Mindelo.

A vencedora foi a discente do 2.º ano em Ciências da Comunicação, Arilízia Rodrigues, enquanto Derciliano Rodrigues, do 2.º ano em Serviço Social e Lendira Cabral, também do 2.º ano em Ciências da Comunicação arrecadaram os 2.º e 3.º lugares, respectivamente. Os restantes concorrentes receberam prémios de participação. De realçar que todos os prémios foram em livros.

Esperamos, no entanto, que os discentes da ULCV continuem a realizar o referido concurso para os anos vindouros.


neulopes
comunicare, 2010

sexta-feira, maio 14, 2010

Calvin & Hobbes

quinta-feira, maio 13, 2010

1.º Concurso de Leitura da ULCV acontece este Sábado


design do cartaz: neulopes
C.Comunicação - 2.º ano



Trata-se de mais uma iniciativa dos discentes de Ciências da Comunicação da ULCV. Desta vez, os alunos do 2.º ano convidaram os colegas do 1º e do 3º ano para participarem do projecto e estenderam o concurso às Licenciaturas em Direito e em Serviço Social. Como seria de esperar, Ciências da Comunicação está mais representada, contra dois de Serviço Social. Os alunos de Direito não se fizeram representar.

O concurso terá lugar no próximo dia 15 de Maio, Sábado pelas 16h00, contando com um júri especializado e formado a propósito.

Quanto aos prémios, que serão todos em livros, a organização contou com o patrocínio do Centro Cultural Português do Mindelo - Instituto Camões e o Instituto Nacional da Biblioteca e do Livro que responderam prontamente à iniciativa, louvando-a e incentivando-a a ser repetida mais vezes, envolvendo outras universidades. E, por falar em incentivo, haverá um prémio de participação para todos os concorrentes.

A assistência do concurso é aberta a toda a comunidade da ULCV, bem como a todos que quiserem assistir ao evento.


neulopes
C.Comunicação - 2.º ano

segunda-feira, maio 10, 2010

A dualidade linguística no jornalismo cabo-verdiano


Resumo
O jornalismo é um elemento importante para a configuração do espaço comunicacional de qualquer país. No exercício dessa actividade, a língua, nas suas mais diversas manifestações, tem um papel de extrema importância. É através dela que a maioria dos acontecimentos e factos importantes chegam ao conhecimento dos membros de uma dada sociedade.
Em Cabo Verde, verifica-se uma conjugação de duas ferramentas linguísticas no processo comunicativo. A olho nu, pode-se ver que há uma divisão de áreas de influência: o português dominou o campo da escrita e o crioulo assegurou, para si, o privilégio de ser a língua mais falada no país. Dentro deste panorama, verificamos que a imprensa escrita e os media audiovisuais têm as suas formas próprias de lidar com a situação. Se os jornais e as outras publicações escritas optam por traduzir os enunciados do Crioulo para o Português, as rádios e a televisão conjugam esses dos idiomas, numa espécie de diálogo inter-cultural entre as línguas. No entanto, regra geral, a primazia é dada à língua de Camões.

Palavras-chaves: Comunicação, linguagem, jornalismo, fontes de informação, consumo de notícias.

Para ler todo o texto de Silvino Lopes Évora, clique aqui

Banalização da Profissão de Jornalismo em Cabo Verde


Em vários artigos nossos publicados em Cabo Verde temos vindo a alertar o Governo e aos cidadãos, pela degradação galopante do nosso “jornalismo”. Colocamos aqui a palavra jornalismo entre aspas, porque em nosso entender não existe o jornalismo cabo-verdiano. O que existe é aquilo que Mário Mesquita chama de “jornalismo militante” comprometido com os poderes político-económicos (2004:55). A par disso e, por outro lado, não podemos falar em jornalismo cabo-verdiano, quando ainda não somos, suficientemente capazes de “pensar pelas nossas próprias cabeças” a problemática do jornalismo no nosso País. Não é que não tenhamos gente capaz de elaborar ideias doutrinárias e, a partir daí, criar uma escola de pensamento jornalístico com lastro cabo-verdiano.

O problema maior prende-se com o comprometimento dos profissionais da comunicação social com o sistema de interesse instalado no seio da classe, tendo como pano de fundo, a cumplicidade do Governo. Por isso, enquanto não atingirmos o patamar de autonomia cognitiva e demarcar da promiscuidade com os poderes, não podemos falar, rigorosamente, em jornalismo cabo-verdiano. Temos sim, o jornalismo de “sarjeta” onde os princípios da ética e da deontologia da profissão são sistematicamente violados em prol dos interesses dos poderes. Em democracia o jornalismo deve sim, desempenhar um papel de watchdog – cão de guarda – “das instituições perante os desvios, as prepotências e os abusos do poder” (Mesquita, 2004:74).

Mas o propósito deste nosso artigo não é este. Contamos retomar esta questão sobre a existência ou não de um “jornalismo cabo-verdiano” numa próxima ocasião e/ou em fórum próprio. Deste modo, lançamos um desafio, desde logo, aos nossos colegas a reflectirem-se sobre esta controversa em ordem a encontrarmos uma designação mais apropriada para aquilo que designamos por “jornalismo cabo-verdiano”.

Serviço Público de Televisão: precisa-se
O objecto desta reflexão tem que ver, justamente, com as Políticas de Comunicação para os media em Cabo Verde, particularmente para o sector de audiovisual. Como é de domínio público a Televisão de Cabo Verde (TCV) ao longo dos seus 23 anos de existência, pouco ou nada tem contribuído para a formação da consciência dos cidadãos tão-pouco para a consolidação da nossa jovem democracia. É só fazer uma pequena observação pelo nível da sua grelha de programação e pelos alinhamentos dos telejornais que, quanto a nós, é uma lástima, do ponto de vista técnico e visa servir unicamente os interesses do Executivo. Basta dizer que a TCV subvencionada pelo erário público tem apenas 5 horas de programação diária em que não se vislumbra, na sua grelha de programas, o verdadeiro sentido de serviço público de televisão. Mas isto tem uma explicação muito simples que, com certeza, os cabo-verdianos já se aperceberam: é que a génese da televisão cabo-verdiana assenta em conhecimentos adquiridos no campo da “universidade da tarimba”.

Ora, o jornalismo televisivo ou não, requer algum grau de abstracção da realidade social. Creio que os tarimbeiros não estarão “formatados” para lidar com realidade tão complexa quanto é a jornalística. Informar, ser informado e informa-se, requer um exercício intelectual para o qual os nossos “confrades” oriundos da escola da tarimba não estão habituados. É preciso uma cultura de valores jornalísticos que, seguramente, não se compaginam com a “universidade da tarimba”. Não obstante, a classe jornalística cabo-verdiana conta hoje, com um número significativo de profissionais com curso superior em Jornalismo, Ciências da Comunicação ou simplesmente Comunicação Social, ainda assim, continuamos a conviver, sobretudo na televisão e na rádio públicas, com um “jornalismo” fortemente influenciado por sequelas tarimbeiras. Curiosamente, são os próprios tarimbeiros gatekeepers, comissários políticos colocados estrategicamente, nestas estações do Estado, que determinam o conteúdo informativo que os cidadãos devem ou não ter acesso. Ou seja, uma espécie de porteiro, que abre e fecha a porta para as notícias que incomodam ou não os poderes.

Jornalistas em um mês e tal
Como se não bastasse o estádio calamitoso por que atravessa o sector audiovisual em Cabo Verde vem, aqui há dias, a ministra, Sara Lopes, que tutela a Comunicação Social, anunciar com pompa e circunstância, a formação de um mês e tal, de alguns jovens com 12º Ano de Escolaridade, em jornalismo televisivo, em ordem a serem os futuros correspondentes da Televisão de Cabo Verde em diferentes localidades do País.
Ora bem, esta decisão do Governo revela, desde logo, um total desconhecimento da importância do jornalismo no processo de formação dos cidadãos e, consequentemente, da sua participação na vida pública do País. Significa ainda, a banalização da profissão de jornalismo, numa altura em que Cabo Verde conta com vários profissionais com formação superior, em diversas universidades europeias, brasileiras e mesmo nacional (Universidade Jean Piaget), que se encontram na prateleira ou no desemprego. Alguns sentiram-se já obrigados a abraçar outras áreas distantes da sua formação para poderem sobreviver. Daí que, em nosso entender, esta opção do Governo é, de todo, errado, sabendo que existem profissionais qualificados sem oportunidade de emprego. É preciso dignificar a profissão de jornalista em Cabo Verde, enquanto, parceira do desenvolvimento do País, sobretudo numa altura em que o arquipélago se prepara para fazer parte das “fileiras” dos Países de Desenvolvimento Médio e à espera, para breve, de uma aproximação à Europa, através da Estatuto Especial junto da União Europeia.
”Não podemos continuar a ver as pessoas formadas no desemprego e o Governo a dar aos jovens um ou dois meses de formação para ocuparem o lugar daqueles que passaram três, quatro ou cinco anos em Universidades, Institutos ou Escolas Profissionalizantes a ‘matarem a vida’ para obterem uma formação”, repudia um profissional licenciado em Ciências da Comunicação, em conversa connosco, que se encontra no mundo dos desempregados da classe.

Por conseguinte, salvo o devido respeito, pelos jovens que concluem, arduamente, o 12º Ano e que precisam de uma formação universitária e/ou técnico-profissional, a fim de poderem garantir o seu futuro, mas não acreditamos, sinceramente, que com apenas um mês e tal de formação, estariam em condições técnico-congnitivas para o exercício do jornalismo.

De acordo com o Jornal Online Liberal a formação ministrada por professores da Universidade de Aveiro vai abordar temas como: noções de jornalismo e notícias; reportagem em televisão; ética e deontologia e relações com as fontes de informação. Estas noções aprendem-se ao longo de um curso em Jornalismo, Ciências da Comunicação ou Comunicação Social. Portanto, é manifestamente falacioso pensar que um (a) jovem que acabasse o ensino secundário conseguiria incorporar em apenas um mês e tal, noções sobre o jornalismo, ainda que básicas, que lhe permitissem exercer com alguma qualidade a profissão. Aliás, é o próprio Estatuto do Jornalista nos seus artigos: 5º; 6º e 7º que impossibilita esses jovens de exercer a profissão.

Senão vejamos: “Podem ser jornalistas profissionais os cidadãos maiores, no pleno gozo dos direitos civis e com formação específica na área de jornalismo oficialmente reconhecida” (nº 1 do Arº 5º do Estatuto do Jornalista). A minha questão é esta: quem vai “reconhecer oficialmente” estes supostos correspondentes da TCV. Será a senhora ministra da tutela? Sim, porque o Ministério da Educação não será, com certeza? O nº 1 do Artº 6º do mesmo documento acrescenta ainda que, “Ninguém pode exercer a profissão de jornalista sem estar habilitada com o respectivo título”. Estará, com um mês e tal de formação, esses jovens capacitados para obterem o título e exercerem, imediatamente a profissão?

“Sem prejuízo do período experimental, os indivíduos que ingressam na profissão de jornalista terão a qualificação que estagiários, por um período de seis meses, se possuírem curso superior que confira licenciatura, ou de dois anos, nos restantes casos.” (Artº 7º do Estatuto do Jornalista). No caso ad-hoc os futuros jornalistas correspondentes, depois de mês e tal de formação ser-lhes-ão distribuídos Kits prontos para fazerem uma cobertura jornalística. Por isso, a nossa dúvida crucial é, qual será o enquadramento que lhes espera?

Como diria um confrade e amigo meu, serão esses “jornalistas” que irão fazer a cobertura mediática dos acontecimentos relativos ao próximo pleito eleitoral que se avizinha nos diversos concelhos do país. É claro que esses jovens não irão, certamente, para além das noções básicas em jornalismo. Portanto, meus senhores não brinquem com coisas tão sérias quanto é a profissão de jornalismo.

Por: Carlos Sá Nogueira*
• Jornalista e mestrando em Ciências da Comunicação – Especialidade em Informação e Jornalismo, na Universidade do Minho.
• E-mail: sanogueiraborges@hotmail.com

Fonte: www.nosmedia.wordpress.com

Prémio de Jornalismo ARE


A Agência de Regulação Económica, ARE, em parceria com a Associação dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC), lança o Prémio de Jornalismo ARE (PJA), destinado aos jornalistas e equiparados que trabalham para um órgão de comunicação social como ocupação principal ou em regime de free-lancer.

Com a atribuição deste prémio pretendemos distinguir, anualmente, o melhor trabalho jornalístico nas vertentes impressa, rádio, televisão e on-line, valendo-se do principio de que a regulação só terá força quando a sociedade compreender bem do que se trata, e reconhecendo o importante papel dos jornalistas no alcançar desse objectivo.

Esperamos, com isso, por um lado promover a excelência no jornalismo cabo-verdiano, e por outro despertar através do desenvolvimento das informações o interesse da classe para o tema regulação económica.

Ao prémio poderão concorrer todos os jornalistas cabo-verdianos com trabalhos de investigação publicados em qualquer meio de comunicação social do país.

São critérios de elegibilidade:
  1. Nacionalidade cabo-verdiana;

  1. Reportagens publicadas em jornais, revistas e sites cabo-verdianos deverão ter entre 9500 e 10500 caracteres, incluindo espaços;

  1. Reportagens televisivas que forem difundidos em televisões no país, e que tenham entre 05 e 30 minutos;

  1. Todas as reportagens deverão ser fruto de uma investigação que conduza à sua elaboração;

  1. Não serão aceites quaisquer trabalhos que já tenham sido publicados ou difundidos em anos anteriores, ou tenham sido distinguidos;

  1. As candidaturas deverão dar entrada nos Correios de Cabo Verde até 31 de Dezembro de cada ano para o seguinte endereço e indicação:
Prémio de Jornalismo ARE
ARE – Agência de Regulação Económica
Av. Cidade de Lisboa CP. 785 - Praia
  1. O Prémio de Jornalismo ARE atribuirá a quantia de 350.000$00 (Trezentos e cinquenta mil escudos) à melhor reportagem jornalística impressa, televisiva ou radiofónica publicada ou difundida até 30 de Dezembro de cada ano.

  1. O júri será constituído por 2 (dois) jornalistas designados pela AJOC que não sejam concorrentes ao PNJ sendo um da área impressa e outro do sector audiovisual; 1 (um) equiparado a jornalistas, sendo repórter de imagem; 1 (um) trabalhador da ARE designado por esta;

  1. Os trabalhos escritos e publicados deverão ser enviados em formato A4, fonte Times New Roman, tamanho 12, com a data e local da publicação, e cd-rom com ficheiro único;

  1. Os trabalhos audiovisuais deverão ser enviados em formato CDROM (Rádio) e DVD (Televisão), e acompanhados dos referidos scripts;

  1. As candidaturas que não estiverem em conformidade com os termos de referência serão automaticamente excluídos;

  1. Entre 2 e 20 de Janeiro o júri julga os trabalhos;

  1. O prémio será entregue por ocasião do 12 de Fevereiro, dia em que se assinala aniversário da ARE;

  1. A decisão do júri é inapelável.

quinta-feira, maio 06, 2010

Pedro Bicudo fala de Violência e Jornalismo na Universidade Lusófona de Cabo Verde


“Será que a violência no ecrã leva à réplica do acto ou, por outro lado, torna as pessoas insensíveis aos actos de violência no dia-a-dia?” foi com esta questão que o jornalista português, Pedro Bicudo, iniciou ontem (5) a palestra Os Media e a Violência, na Universidade Lusófona de Cabo Verde, em Mindelo.

Foi por iniciativa da Associação dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC) que Pedro Bicudo, antigo correspondente da Rádio Televisão Portuguesa – RTP- em Washington (EUA) e actual director da RTP/Açores esteve no nosso país para uma série de palestras. Estas acções inserem-se na comemoração do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, 3 de Maio.

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Para o conferencista, “a notícia é um evento que é caracterizada por ser algo inusitado, diferente ou surpreendente. A violência partilha muitas dessas características. Isto torna-as irmãs. Por isso que muitos telejornais abrem com notícias de violência.”

Pedro Bicudo apela à comunicação social que dê voz às vítimas de violência. “Aqueles que tem menos poder são aqueles que mais sofrem com a violência: as crianças, idosos e mulheres. Outra violência que raramente chega às televisões é aquela contra as minorias. Existe, em Cabo Verde, uma violência latente em relação às lojas chinesas ou aos vendedores ambulantes da costa africana”.

“Actualmente, com o avanço do fotojornalismo, há uma alteração das primeiras páginas dos jornais, que procuram chocar através das imagens. Até que ponto escolhemos um site de notícias tendo em conta as imagens mais fortes, ou seja, imagens de violência?”

Segundo Pedro Bicudo, para que o jornalista se torne um melhor codificador da informação acerca do fenómeno da violência precisa especializar-se. “Não havendo especialistas no jornalismo, podemos transmitir notícias com pouco conteúdo. Mais, para abordar certas questões delicadas sobre a violência é necessário um livro de estilo em cada redacção, com as normas e protocolos a seguir nestes casos. Por fim, é preciso um trabalho conjunto ou jornalismo comunitário. É estar a par e trabalhar com as associações que lidam com a violência, presentes na comunidade”.

Fonte: www.nhaterra.com.cv

terça-feira, maio 04, 2010

NhaSala


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Cabeça


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Happy Moment


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Pedro Bicudo fala de Violência e Jornalismo na Praia e Mindelo


A Associação dos Jornalistas de Cabo Verde, AJOC, realizou, ontem à noite na Casa de Imprensa, uma conferência subordinada ao tema "Violência e Jornalismo". O evento que decorreu no âmbito das comemorações do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado 03 de Maio teve como conferencista, o jornalista português da RTP, Pedro Bicudo.

O conferencista disse tema da violência exige muito rigor na sua abordagem jornalística. "Primeiro de tudo tentar perceber o que é violência, como um fenómeno recente das nossas sociedades, ao mesmo tempo a extrema ligação que existe entre todo o processo de criação noticiosa e a própria natureza da violência há quase uma convergência" disse Pedro Bicudo.

O jornalista adiantou, também, que "o crescer" da violência dentro da informação exige que o jornalista se especialize, como acontece noutras áreas como a economia, politica e desporto. "A violência é uma área que precisa ser tratada com muito rigor, muito critério e sobretudo com muita ética" afirmou Bicudo para acrescentar que dentro do poder judicial há uma grande necessidade de especialização.

Para esta terça-feira, 04, a AJOC promove duas conferências sobre "informação em televisão regional", na Uni Piaget a ser proferida por Pedro Bicudo e "importância do sindicalismo no exercício da profissão do jornalista - experiência brasileira" pelo sindicalista brasileiro Alcimir Carmo, director regional em Bauru do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo.

As mesmas conferências realizadas na cidade da Praia vão acontecer em Mindelo, na quarta-feira, 05, na Universidade Lusófona.

Fonte: Jornal Expresso das Ilhas